O Civitas Bus Shuttle está em circulação desde o final de fevereiro, na zona da Asprela, e é de utilização gratuita para todos os passageiros que queiram usufruir do serviço.

O serviço, que resulta de uma parceria entre a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), a STCP e a Câmara Municipal do Porto, fará a ligação entre o Hospital de São João, FEUP, Pólo Universitário, Agra e Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP), sempre no mesmo sentido, nos dias úteis, entre as 07h30 e as 20h30.

O autocarro está enquadrado no projeto CIVITAS, financiado pela Comissão Europeia e que envolve outras cidades europeias para além da cidade do Porto. O objetivo é apresentar aos cidadãos soluções de mobilidade que sejam limpas e a que toda a gente tenha acesso, de forma sustentada.

Bernardo Almada Lobo, professor da FEUP e responsável por este projeto, explica que a ideia surgiu de se tentar perceber como o setor dos transportes coletivos poderia beneficiar de tecnologias já utilizadas noutros setores. “O autocarro é feito de materiais compósitos, que são materiais compostos por uma matriz – neste caso um núcleo de espuma – e tem um reforço de fibra de vidro com resina”, explica.

A novidade está toda na carroçaria do veículo, utilizando chassis antigos. “Toda a carroçaria é feita através um processo de infusão por vácuo. Os autocarros, normalmente, são feitos com painéis metálicos que cobrem uma estrutura reciclada. Neste caso, toda a carroçaria sai de uma só vez. Constrói-se um molde para o autocarro, impregna-se a resina e tudo isto é envolvido num saco e tira-se o ar com uma bomba”, diz.

As vantagens, essas, são variadas. “Isto permite uma resistência maior. O isolamento térmico e acústico é melhor. Permite ter acabamentos de melhor qualidade. Além disso, é possível moldar formas mais complexas”, explica Almada Lobo.

Um dos objetivos principais do projeto é que o autocarro seja uma solução viável em termos ambientais. “Um dos objetivos que nós temos é o de reduzir a emissão de gases, no sentido de reduzir o consumo de combustível, através da redução do peso do veículo. Com esta tecnologia, reduzimos em 20% o peso da carroçaria”, refere.

Proliferação deste sistema em estudo

“Ainda está em estudo o que se pode ganhar com a produção em massa destes autocarros”, diz Almada Lobo. “Uma das coisas que se sabe é que o processo de produção dos autocarros tradicionais é muito moroso. Estes autocarros podem diminuir esse tempo de produção. Mas, em termos económicos, há que distinguir um protótipo de uma produção em massa. Há varias variáveis ainda a serem estudadas”, explica.

O autocarro tem tido uma frequência de quase 400 pessoas por dia e tem crescido exponencialmente. Além da inovação tecnológica, Bernardo Almada Lobo refere mais uma novidade deste transporte. “Temos alunos de engenharia mecânica sempre no autocarro a explicar aos passageiros quais são as inovações. É interessante para o passageiro perceber isso”, afirma.