A língua eletrónica permite analisar a qualidade dos alimentos líquidos, já que tem sensores que substituem as papilas gustativas. A inovação foi desenvolvida pela investigadora Alisa Rudnitskaya, do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM), da Universidade de Aveiro (UA).

De acordo com a investigadora, o aparelho “consegue detetar várias coisas”, entre elas “compostos orgânicos e inorgânicos como o potássio, o sódio e o cloreto” e, ainda, “metais de traço”, como o “cobre e o mercúrio”. A análise dos alimentos pela língua eletrónica é importante no controlo da qualidade dos mesmos, já que existem limites estabelecidos de concentração deste tipo de substâncias. Os dados que a língua eletrónica deteta são, depois, “enviados para um computador”, onde são descodificados e analisados.

Alisa Rudnitskaya afirma que o que faz com que a análise da língua eletrónica seja possível são sensores com “composições diferentes” que “determinam as propriedades” dos alimentos. Estes sensores têm “vários tipos de materiais”, como “poliméricos orgânicos, cristais e policristais orgânicos”.

A investigadora da UA refere ainda que, como “não há necessidade do público em geral a usar”, a invenção pode ser utilizada, por exemplo, em “laboratórios de investigação” e, no caso de os alimentos serem comercializados, “no sítio de produção”.

Rudnitskaya conta que a “ideia [de inventar uma língua eletrónica] surgiu já há alguns anos”, por causa do “nariz eletrónico”. A investigadora explica que o olfato humano “consiste num número grande de recetores e no processamento dos [seus] sinais no cérebro”. Desta forma, e como existem muitos tipos de recetores “com propriedades diferentes”, as pessoas conseguem “distinguir vários tipos de odores”. Estes princípios foram aplicados “nos líquidos” e, então, surgiu a língua eletrónica.

A investigação ainda não acabou. A cientista revela que estão a ser estudadas novas aplicações.