Os cerca de 900 habitantes de Rasquera vão hoje, terça-feira, às urnas para dizer “sim” ou “não” à plantação de dez hectares de cannabis que está já aprovada para a pequena região espanhola. A medida seria um passo em frente no combate à crise e ao desemprego que se fazem sentir na região, assim como uma nova plantação para dar resposta aos 5 mil membros da Associació Barcelonesa Cannàbica d’Autoconsum (ABCDA).

A ABCDA é uma associação de autoconsumo que vende legalmente cannabis em Barcelona. A associação, que gere já algumas plantações para poder fornecer cannabis aos seus sócios, numa dose diária máxima de seis gramas por dia, propôs a iniciativa da plantação da planta em assembleia, assumindo o pagamento de 36 mil euros pela assinatura e de 550 mil euros, por ano, como pagamento pela renda das terras municipais.

O alcalde de Rasquera, Bernat Pelissa, referiu já que a medida pode tornar-se num marco no combate à máfia, assim como pode tambem crescer nas suas utilizações terapêuticas. A capacidade terapêutica da cannabis é uma das utilizações mais comuns, sendo que há mesmo alguns tratamentos de doenças oncológicas em que a medicação é substituída pela planta. Na ABCDA, apenas 30% dos associados consomem cannabis com este fim.

Em Espanha, o consumo de cannabis é legal, assim como o cultivo para consumo próprio. Posse, venda e tráfico são ilegais. Tecnicamente, qualquer pessoa que vá ao clube adquirir cannabis para terceiros pode ser imediatamente presa, assim como qualquer pessoa que consuma fora do clube, uma vez que a posse é ilegal.

O plano anti-crise de Pelissa é também incompativel com o artigo 368 do Código Penal, que proíbe a plantação, consumo ou tráfico de drogas. Pelissa já deixou claro que irá apresentar a demissão caso o “sim” não ganhe o referendo com uma margem de 75%.