Trabalhar um plano de negócios. É essa a proposta do Start Up Programme, onde os participantes selecionados trabalham em equipa num projeto durante um ano letivo, com a ajuda de docentes e colaboradores de uma empresa.

O Start Up que já gerou empresas

Pelo programa já passaram empresas “muito diversificadas”, com projetos que vão desde “uma nova bengala para deficientes visuais, até um novo software tátil para empresas de restauração, passando por um sistema de deteção de incêndios”, conta a organizadora. Há uma empresa já em funcionamento, a Ambinova, “que por acaso foi uma das empresas que não chegou à competição nacional”, conta. As empresas TDT e Flicks (vencedora do ano passado) estão, também, a iniciar atividade.

O plano de negócios criado pelos participantes deve visar o lançamento de uma empresa que apresente um produto ou serviço inovador. O objetivo, diz Manuela Pinto, da organização, é oferecer uma formação em empreendedorismo, ao mesmo tempo que aproxima os alunos da realidade empresarial. O “call” é feito no início do ano letivo, havendo sessões plenárias em outubro.

Constituem-se equipas, com o máximo de cinco pessoas de pelo menos duas faculdades diferentes, a quem são atribuídos tutores. “O traço preponderante é o caráter interdisciplinar e transversal: os alunos, muitas vezes, nem se conhecem uns aos outros”, afirma Manuela Pinto, docente que faz parte da organização.

Há “seminários realizados ao longo dos vários meses”, “trabalho no terreno que envolve desenvolver protótipos dos produtos ou dos serviços” e a “constituição das miniempresas”, explica. A ideia é “preparar os jovens tendo uma parceria com o mundo empresarial”, isto porque o “mercado de trabalho exige inovação e “competências empreendedoras”, afirma a docente.

A Universidade do Porto (UP) é uma das participantes habituais, mas a competição conta, ainda, com outros estabelecimentos de ensino superior. As equipas formadas têm de passar diversas etapas. Em abril, realizam-se as primeiras competições regionais, que dão acesso à competição nacional em maio, que decide quem passa à fase europeia em julho, como explica Manuela Pinto.

Ser um jovem empreendedor

A competição oferece a “oportunidade de desenvolver competências que vão para além do normal currículo escolar” e dota os participantes de uma “maior capacidade para enfrentar o mercado de trabalho”. Manuela Pinto aconselha os participantes a “aproveitar a capacidade de inovação, de trabalho e gestão de tempo”, a terem “confiança” e a “apostarem na sua ideia”, a vê-la como “uma paixão”.

“O empreendedor é também um gestor, mas é uma pessoa que aposta sobretudo na inovação, que assume o grau de risco e que vai aprendendendo com os próprios erros que comete, uma pessoa que não desiste”, é a opinião da docente da UP. Os jovens que participam “têm mesmo isso, assim como um desejo muito grande de sucesso e de projeção, não só para eles, mas também para a universidade, junto da comunidade e do mercado, nacional e internacional”, continua.

UP sempre presente nas finais nacionais

Na UP, a parceria começou por envolver quatro docentes e “era extracurricular”, desenvolvendo-se “ao longo do ano”, conta a docente. O Start Up Programme a norte, que já vai na quarta edição, vai ter este ano, para a pré-seleção, 19 equipas, nove delas pertencentes à UP. As restantes são da Universidade de Aveiro, Instituto Politécnico de Viana do Castelo e Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.

Esta iniciativa, que até 2010/11 tinha o nome de Graduate Programme, é uma parceria da Universidade do Porto e outras instituições de ensino superior portuguesas com a Associação Junior Achievement Portugal – Aprender a Empreender. Esta associação “centenária” promove a literacia financeira desde o ensino básico ao universitário e, mundialmente, “é uma das maiores organizações de empreendorismo jovem”.

A decorrer desde setembro de 2008 na UP, já por lá passaram cerca de 250 estudantes da universidade, sendo que, por ano, se inscrevem cerca de 100 alunos. A UP tem estado sempre presente nas finais nacionais e foi a única universidade portuguesa a ganhar um prémio europeu da Junior Achievement. No ano passado ficou em primeiro lugar e ganhou o Intel Innovation Award. A pré-selecção para a zona norte terá lugar a 16 de abril, na Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP), e a final será na Macedónia.

Quem quiser participar no próximo ano letivo basta ter menos de 30 anos e ser aluno da UP. Os interessados podem também inscrever-se em disciplinas opcionais, agregadas ao plano de estudos da universidade. Convém que se esteja “atento” ao email, sendo que há uma primeira chamada em julho e outra em setembro. Manuela Pinto manifesta o desejo que cada vez mais pessoas participem.