Foi há precisamente 30 anos que Jorge Nuno Pinto da Costa, candidatando-se em lista única, venceu as eleições de 17 de abril de 1982, tornando-se o 33.º presidente do FC Porto. Desde então, os portistas tem acumulado sucessos nas várias modalidades e assumiram-se como um clube de nível mundial.

Foi no futebol que a chegada de Pinto da Costa representou um maior ponto de viragem. Aí, o sucesso foi quase imediato. Dois anos depois da sua eleição, o FC Porto atingiu a sua primeira final europeia, mormente a extinta Taça das Taças, que perdeu, então, para a Juventus. Em 1987, venceu a Taça dos Campeões Europeus, numa infame final contra o Bayern de Munique e a Taça Intercontinental. Ainda nessa época, o clube levou também para casa a Supertaça Europeia, no início do ano seguinte.

Os anos 90 foram igualmente bem sucedidos. Não tendo conquistado nada a nível internacional, a equipa portista venceu oito campeonatos nacionais, entre os quais o famoso “Penta”, o único da história do futebol português. O FC Porto voltou às conquistas europeias com a vitória na Taça UEFA em 2003 e da Liga dos Campeões no ano seguinte, ambas sob o comando de José Mourinho. Já com Victor Fernandez, na época seguinte, os portistas conquistaram a Taça Intercontinental frente aos colombianos do Once Caldas. Mais recentemente, os portistas venceram a Liga Europa de 2010/2011, ao derrotar o Sp. Braga na final.

O palmarés de Pinto da Costa desde que assumiu a presidência do clube, nas várias modalidades, é invejável. Desde a sua chegada, o F.C. Porto conquistou 56 títulos no futebol (o que o torna no presidente mais titulado da história do futebol mundial), 57 em hóquei em patins, 26 em basquetebol, 17 em andebol e em natação, 66 em bilhar, 4 em boxe e em voleibol, 3 de ciclismo e 1 de atletismo. Isto prefaz um incrível total de 251 títulos seniores, nas várias modalidades, em 30 anos de presidência.

O seu sucesso e carisma reuniram tal consenso dentro do universo portista que apenas por duas vezes Pinto da Costa enfrentou concorrência nas eleições para a presidência do clube, ambas pela parte de Martins dos Santos. Em 1988, a derrota foi grande: 10196-535 a favor de Pinto da Costa. Três anos depois, Martins Soares voltou a disputar a liderança a Pinto da Costa, à frente de uma lista cujo lema era “Pela decência”. Dessa vez, a derrota foi mais honrosa – 20,14% dos votos.

Um presidente tão bem sucedido quanto polémico

Nem só de sucessos é feito o percurso de Pinto da Costa enquanto presidente dos “dragões”. Foi em 2004 que o seu nome apareceu associado ao escândalo de corrupção que ficou conhecido como “Apito Dourado”, constando nos mandatos de captura desde 20 de abril desse ano, dia em que foram detidas as primeiras 16 pessoas envolvidas no processo. O caso foi arquivado em 2006, mas a chegada de Maria José Morgado às funções de coordenadora alterou o curso do “Apito Dourado”, decidindo-se por chamar Carolina Salgado, a ex-companheira que havia publicado um livro cheio de acusações ao presidente, e reabrir o processo.

Como consequência do processo, o dirigente do FC Porto ficou impedido de contactar com o administrador Adelino Caldeira, com os elementos dos órgãos da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) e com outros arguidos envolvidos, para além de se ver obrigado a pagar uma caução de 125 mil euros. Pinto da Costa não perdeu tempo e recorreu da decisão do Tribunal, ao considerar a ação ilegal. Interpôs uma ação cível, onde reclama ao Estado uma indemnização de 50 mil euros.

Na sequência deste processo, a UEFA anunciou que o FC Porto não poderia participar na edição 2008/2009 da Liga dos Campeões. Na manhã do dia 11 de junho de 2008, os advogados do FC Porto entregaram na sede da UEFA, em Nyon, o recurso ao castigo que tinha sido imposto pelo Comité de Controlo e Disciplina. O dossiê era composto por centenas de páginas e vários pareceres. Dois dias depois, o Comité de Apelo da UEFA anulou a sentença de primeira instância da Comissão de Controlo e Disciplina, colocando o F.C. Porto de volta na Liga dos Campeões. Os responsáveis da UEFA consideraram que a justiça portuguesa não iria decidir o recurso de Pinto da Costa em tempo útil, situação que pode ser a chave do processo. Sendo assim, como não havia uma conclusão definitiva sobre o caso, a UEFA decidiu salvaguardar o clube de prejuízos que podiam ser irreparáveis, como era afastar os portistas das competições europeias, quando ainda não havia um desfecho definitivo por parte do Conselho de Justiça da FPF.

Dado do seu carisma e exposição pública, tem sido constantemente assolado pela imprensa cor de rosa, principalmente no que toca à sua atribulada vida amorosa. É divorciado três vezes, duas delas da mesma mulher, e pai de dois filhos do primeiro casamento.

Apesar de ser uma personagem polémica e que semeou vários ódios ao longo dos últimos 30 anos, é inegável o mérito de Jorge Nuno Pinto da Costa nas várias conquistas do clube, ao longo daquele que é o mais longo e mais titulado mandato da história do futebol português.