Antero Tarquínio de Quental nasceu a 18 de abril de 1842 em Ponta Delgada, São Miguel, nos Açores. O pai, Fernando de Quental, era uma combatente liberal. Passou a infância entre Lisboa e Ponta Delgada, passando por Coimbra, onde frequentou o Colégio de S. Bento.

Google celebra aniversário de Antero

Hoje, o Google também celebra o 170.º aniversário de Antero de Quental. O motor de busca dedica ao poeta português um doodle exclusivo, com a imagem e uma citação de Antero, “A poesia é a confissão sincera do pensamento mais íntimo de uma idade”.

Aos 16 anos muda-se definitivamente para Coimbra para estudar direito. É no percurso universitário que manifesta as primeiras ideias socialistas e vai escrevendo. Em 1861 publica os primeira obra, “Sonetos de Antero”. Foi também neste ano que co-fundou a “Sociedade do Raio”, grupo que pretendia mudar o país através da literatura.

Licenciou-se em 1864, na defesa dos ideais de Kant, Hegel e Proudhon. Através destes e outros pensadores, Antero foi um homem que aderiu à modernidade que começava a impôr-se em Portugal. O republicanismo e o realismo acompanharam a vida do poeta.

Membro da prestigiada “Geração de 70”, com Eça de Queiróz, Ramalho Ortigão e Teófilo de Braga, foi, segundo Pedro Figueiredo, professor de português no Colégio Internato dos Carvalhos, em Vila Nova de Gaia, “o líder” deste movimento que tinha “um programa abrangente em termos literários, estéticos, políticos, sociais e até filosóficos.”

O realista romântico

“A obra poética de Antero de Quental é uma poesia de natureza filosófica. Notabiliza-se pelo culto do soneto, na linha de Bocage e Camões. Mas na sua poesia, apesar de ele ser uma dos arautos do realismo, não se encontram grandes características ou influências realistas. Apesar de tudo, ele continua a ser um romântico”, explica Pedro Figueiredo.

A partir de 1868 fixa-se em Lisboa onde funda, juntamente com antigos colegas universitários, o Cenáculo, onde defendia os ideais republicanos. As Conferências do Casino foram também organizadas por ele e as ideias anarquistas influenciam a sua escrita, ao publicar e colaborar com periódicos desta índole.

Para os finais do século XIX, entra num período mais filosófico, que não se separa da obra poética. Encabeça o movimento patriótico que opõe Portugal à Inglaterra na questão do mapa cor de rosa. Durante a sua vida chegou a residir em Vila do Conde.

“Ele defendia que a poesia moderna era a voz da revolução”, acrescenta o professor. Antero tentou procurar as “causas da decadência da sociedade portuguesa da época”, abrangendo no seu trabalho “três dimensões: social, filosófica e poética.”

As perturbações psicológicas de Antero são também visíveis no seu trabalho. “Vemos que na poesia dele há um sujeito de que se reflete na morte e na relação do eu com o mundo”, considera Pedro Figueiredo. Antero de Quental acabaria por regressar a Ponta Delgada em 1891 e suicidar-se, depois de um período de profunda depressão. “Marcou uma época. Marcou em termos políticos, mentais e literários”, considera Pedro Figueiredo.