Hoje, quinta-feira, o movimento Es.Col.A foi despejado do Alto da Fontinha pela polícia de intervenção. Os manifestantes fizeram protestos em frente à esquadra do Heroísmo, onde se encontram os dois detidos. Pode ainda ter ocorrido uma terceira detenção, ainda por confirmar. A rua do Heroísmo foi cortada ao trânsito e a polícia não impediu os manifestantes de mostrarem o seu desagrado. Neste momento, os apoiantes do movimento Es.Col.A estão a a fazer protestos em frente à Câmara Municipal do Porto.

Elementos da Es.Col.A apelaram às pessoas que se manifestassem, junto à Câmara Municipal do Porto, em protesto.

Em frente à Câmara Municipal do Porto encontram-se vários agentes da polícia municipal. O corpo de intervenção da polícia está presente à volta das entradas do edifício, de forma a construir um perímetro de segurança.

Na Avenida dos Aliados foram muitos os gritos de ordem contra Rui Rio, ao som de foguetes lançados por manifestantes. Uma das manifestantes discursou e exigiu a “demissão de Rui Rio” por não se preocupar com os problemas da zona da Fontinha.

Um dos manifestantes despejou gasolina em si próprio e ameaçou incendiar-se. No entanto, foi detido pela polícia presente no local. O manifestante foi, entretanto, levado pelo INEM.

José Soeiro, deputado do Bloco de Esquerda, já está na Câmara Municipal do Porto. A deputada do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, vai estar presente no local a partir das 15h00. Em declarações ao JPN, a deputada declarou que “a escola da Fontinha está a ser vandalizada pela polícia” e que o “Bloco de Esquerda está preocupado”. Acrescentou ainda que “todo o trabalho que as pessoas fizeram” pelo edifício “está a ser vandalizado pelo próprio Estado” e que o partido considera “inaceitável o despejo e a desproporção do uso da força policial” exercida nos protestantes.

O Bloco de Esquerda já apresentou, na Assembleia da República, um requerimento ao Ministério da Administração Interna “sobre a desproporção da força policial hoje de manhã”, adiantou Catarina Martins.

Pelas 20h00 de hoje, quinta-feira, será realizada uma demonstração de solidariedade pela Fontinha, em Lisboa, no Largo Camões.

Agressões policiais nos protestos da Fontinha

Segundo a página do Facebook do Artigo 21º, existiu “resistência no edifício” e a polícia de intervenção desfez “a barricada” e prendeu dois elementos da Es.Col.A, detidos na esquadra do Heroísmo. O blog da Es.Col.A da Fontinha apelou “a todos os que estejam perto da Fontinha para apoiar a resistência”.

A polícia entrou no recinto com a cara tapada numa carrinha de caixa aberta e sem recorrer a violência. A força de intervenção está no local, onde decorreu uma assembleia popular. Os manifestantes decidiram ir até à esquadra do Heroísmo, onde se encontram os dois detidos confirmados e, de seguida, à Câmara Municipal.

A Associação Nacional de Bombeiros Profissionais (ANBP) lamentou, em comunicado, o facto de onze profissionais do Batalhão de Sapadores do Porto terem sido enviados pela Câmara para intervenção no despejo, “alegadamente, sem conhecimento real do serviço que iriam prestar”. Aos bombeiros, por indicação superior, terá sido dito que trocassem “a sua viatura por outra descaracterizada” e que seguissem “sem farda” de forma a não serem identificados “e utilizando material de arrombamento de portas”.

Em comunicado, a Câmara Municipal do Porto afirma que a “incompreensível recusa do grupo em aceitar” as “condições mínimas exigidas por lei, aplicadas a qualquer cidadão ou instituição” obrigou “as autoridades a intervir coercivamente”. Uma das condições seria o pagamento de uma renda simbólica de 30 euros. A Câmara questiona, ainda, “se o movimento estará realmente interessado em promover qualquer atividade comunitária ou apenas em provocar distúrbios e desafiar as instituições”.

Top no Twitter

A hashtag #Fontinha estava, perto das 11h00, a liderar o top de referências no Twitter Portugal.

O grupo Anonymous ameaçou Rui Rio de “outras consequências”, entre elas o ataque ao site da Câmara Municipal do Porto, caso o espaço não fosse cedido aos populares e ao movimento Es.Col.A. A polícia procedeu ao despejo e os jornalistas não foram autorizados a passar.

Marco, um dos elementos da Es.Col.A da Fontinha, adiantou ao JPN que “estão, pelo menos 10 carrinhas com forças especiais” na zona, o bairro foi fechado e algumas das pessoas que estavam sentadas “foram retiradas para fora”. Marco afirma que existiram agressões e que três colegas foram detidos pela polícia.

“Neste momento devem estar a partir tudo, já tiraram a nossa faixa e há pessoas que nem sabemos onde é que estão”, adianta o elemento da Es.Col.A.

Um outro membro da Es.Col.A, que preferiu manter anonimato, afirmou que “a polícia tem sido muito violenta” e que fez um cordão para “não deixar que as pessoas se aproximem das ruas à volta da escola”.

De acordo com o Portugal Uncut, o cenário inclui “cães, choques, tasers” e “vidros partidos”. Os manifestantes entraram em confrontos com a polícia de intervenção numa tentativa de bloquear a saída. Existem já feridos no local, sendo que de acordo com um dos presentes, a polícia agrediu uma das pessoas com um taser e está a agredir sob o “método dos bastões ao contrário”. O popular acrescentou que a polícia “não apresentou nenhuma ordem de despejo” e agiu violentamente.

Vítor Monteiro, um dos presentes no local, acusa a polícia de ter uma “atuação fascista” e, igualmente, Rui Rio, por estar a “destruir uma escola que só faz bem à zona”. Moradores da zona, que preferem não ser identificados, afirmam que, de início consideraram o projeto da escola positivo, mas que, mais tarde, passou a não os deixar dormir devido a “barulho” no edifício e que, por isso, estão a favor do despejo.

O dirigente distrital do Bloco de Esquerda (BE), Soares da Luz, assegurou que o partido está solidário com o movimento da Fontinha e indignado com o “uso de força excessiva”. O BE quer exercer “pressão” na assembleia municipal para que o assunto seja solucionado.

Em comunicado, o BE “exige esclarecimento do Governo e CM Porto sobre a atuação da polícia na ação de despejo” e afirma que Rui Rio “só consegue dialogar com experiências comunitárias e culturais autónomas através da repressão policial desproporcionada”.

O departamento de relações públicas do Comando Metropolitano do Porto disse ao JPN que a intervenção “partiu da Câmara Municipal do Porto e não da PSP”.

O alerta foi dado pelo Tugaleaks, Artigo 21.º e Portugal Uncut. O projeto tinha sido autorizado, pela Câmara Municipal do Porto, a funcionar até finais de março.

Notícia atualizada às 14h40 de 19 de abril de 2012