Vasco Carvalho e Rita Silva são formados em engenharia mas partilham, há muito, um gosto diferente: a paixão pelos animais. Em fevereiro de 2011, depois de “quase um ano de vai-não-vai”, abriram, no número 256 da tua da Fonte Velha, em Custóias, a “Hora de Roer”, uma loja dedicada exclusivamente a roedores e lagomorfos (coelhos e lebres), a primeira do país. A evolução do negócio levou-os a alargarem o leque de venda a outros animais, mantendo o cunho de negociar espécies incomuns.

“Nós fugimos à tradicional ‘pet shop’. Trabalhamos exclusivamente com exóticos”, diz Vasco Carvalho. “Cada vez mais as pessoas que querem um animal desse género procuram uma loja como a nossa, já que o atendimento é diferente, mais personalizado e especializado”, acrescenta.

A procura por este tipo de animais está a crescer, pelas vantagens que acarretam em relação aos animais de estimação mais comuns, como cães e gatos. “Cada vez mais, os exóticos são animais de pequenas dimensões. Não é preciso levar a passear e alguns deles comem com pouca regularidade”, refere Rita Silva. “O investimento inicial é maior, mas os custos de manutenção são muito menores”, acrescenta.

O estabelecimento não é muito espaçoso mas alberga uma grande variedade de animais. Desde mamíferos (hamsters, esquilos, porquinhos-da-índia, chinchilas, ratos) a répteis (cobras, lagartos, cobras-do-milho, pitons, dragões-barbudos), passando por escorpiões, caranguejos, assim como várias espécies de aves e peixes exóticos. Se o cliente não encontrar o animal que deseja comprar, não há problema: a “Hora de Roer” também trabalha por encomenda, sendo que já mandou vir do estrangeiro várias espécies de cobras e tarântulas.

Mentalidade mais aberta

É difícil definir o perfil do comprador de animais exóticos. Roedores, coelhos e peixes são comprados por todo o tipo de clientes. O caso não é tanto assim, por exemplo, com os répteis, em que os compradores são maioritariamente jovens. “Nos répteis, há mais homens a comprar, e são normalmente mais jovens, já que têm uma mentalidade mais aberta”, afirma Vasco Carvalho.

O negócio, pelo tipo de animais com os quais trabalha, ainda levanta naturais desconfianças dos clientes. “Nós, no início, tínhamos as tarântulas no terrário de cima e passamos para o de baixo, já que incomodava as pessoas”, conta Rita Silva. “Mas cada vez há uma mentalidade mais aberta e mais procura destes animais. O cliente entra e vê um animal que, por ser diferente, suscita interesse. Depois fala ao amigo e, se calhar, o amigo acha piada e compra”, explica.

Para vender este tipo de animais são necessárias licenças específicas. “É preciso licenças a nível do Instituto da Conservação da Natureza. Temos de estar lá registados e algumas espécies específicas de aves e répteis têm um registo que é entregue ao dono no ato da compra”, explica Vasco Carvalho. “Normalmente, não há problemas com o registo dos animais, só no caso de haver denúncia. É mais para provar que o animal é comprado e não capturado”, remata.