Eduardo Vítor, um dos vereadores socialistas da Câmara Municipal de Gaia, adiantou a proposta que o PS irá apresentar numa reunião extraordinária do executivo, no próximo dia 30 de abril. O vereador afirma ao JPN que o movimento Es.Col.A deve ser mantido na Fontinha, mas que, “neste momento, as hipóteses de isso se vir a materializar parecem cada mais reduzidas, porque a Câmara Municipal do Porto está muito intransigente na solução que adotou”.

A proposta do PS de Gaia não é “fazer nenhum transplante do movimento, mas sim disponibilizar um plano B para a hipótese, cada vez mais plausível, da Câmara Municipal do Porto se tornar irredutível”, explica.

A ideia, a ser discutida na reunião, é a ocupação de um espaço “relativamente perto da zona da Fontinha, no centro histórico de Gaia” e com “um contexto socio-cultural muito idêntico ao do bairro”. Desta forma, o partido prevê a manutenção de “laços e relações com, pelo menos, alguns dos habitantes da Fontinha que já beneficiavam dos serviços disponibilizados pelo movimento”, defende Eduardo Vítor.

“Este é, também, um movimento de cidadania, cívico e cultural e seria imperdoável deixar esvaziar por uma medida errada ou precipitada da CMP”. O vereador explica que a proposta não choca com as instituições já existentes em Gaia e que até pode contribuir para o reforço de algumas, “nomeadamente de instituições do movimento associativo que já existem na zona do centro histórico, havendo benefícios mútuos, quer para o município, quer para o movimento”, explica.

Em relação às declarações de Luís Filipe Menezes, avançadas pela tvi24, sobre a “dificuldade” em avançar com a possível instalação do movimento na zona, Eduardo Vítor diz ser “muito estranho este discurso provinciano”. “Não há, neste momento, nenhuma instituição do género que esteja em fila de espera para ser apoiada pela Câmara. Portanto, não há nenhuma lógica de sobreposição. Há o reconhecimento de que há espaço nas políticas municipais para encontrar aqui uma resposta para este movimento”, garante.

O vereador ressalva que a ação não implicaria disponibilização de verbas, mas apenas de um espaço e a câmara “tem uma série de espaços que podem ser cedidos, a baixo custo, para o desenvolvimento destas atividades”.

Proposta gaiense é “claro aproveitamento político”

No entanto, João Pires, que faz parte do movimento Es.Col.A, caracteriza esta proposta de “claro aproveitamento político”. João relembra que o movimento é “apartidário” e que “não faz sentido que o projeto do bairro seja levado para Vila Nova de Gaia”. “O movimento saiu nas notícias e há que arranjar maneira de tirar um aproveitamento disto”, salienta João Pires, descontente com este tipo de medidas tomadas por partidos políticos. Mesmo assim, pondera apoiar um grupo de pessoas que sinta necessidade de ter uma iniciativa semelhante na cidade vizinha. “Se houver um grupo de pessoas, nessa zona de Gaia, que sinta a mesma inconformidade que o nosso movimento e que queira criar um projeto, nós oferecemo-nos para dar um workshop sobre autogestão e sobre o que é uma escola libertária”, explica.

Luzia Peixoto tinha os dois filhos a frequentar a escola e apoiou o movimento desde o seu despejo. A defensora do projeto concorda em utilizar-se espaços públicos abandonados na zona de Gaia para “alojar” este tipo de iniciativas, mas “levar para lá o projeto da Fontinha”, diz, vai “contra o que se tentou fazer ali”.

Luzia defende que a proposta vai contra o carácter inicial de promoção de educação e crescimento cultural no bairro. No entanto, vê no “aproveitamento político” uma possibilidade de “acabar por conseguir melhores condições” para resolver a situação.

A proposta será discutida no dia 30 de abril, segunda-feira. Apesar de expressa a vontade, o PS de Vila Nova de Gaia ainda não abordou o movimento, uma vez que “os vereadores do PS não têm maioria na câmara municipal e não fazia sentido estar já a fazer abordagens ao movimento sem garantir a aprovação da proposta”, explica Eduardo Vítor. Assim, o partido irá aguardar pela decisão de Luís Filipe Menezes para formalizar uma eventual proposta com o Es.Col.A.