A secretária de Estado da Ciência, Leonor Parreira, afirmou, esta terça-feira, na reunião “Ciência 2012 Portugal – Caminhos de excelência em ciência e tecnologia”, na Fundação Calouste Gulbenkian, que Portugal é pouco competitivo a concorrer a oportunidades de financiamento da União Europeia. Após estas declarações, o JPN falou com a Associação de Bolseiros de Investigação Científica (ABIC) para saber mais sobre o assunto.

Para a presidente da ABIC, Ana Teresa Pereira, a principal dificuldade está em “encontrar parceiros empresariais”, uma vez que as candidaturas, geralmente, “são feitas em consórcios”, sendo necessária “a entrada de empresas a par com as universidades”. Ainda assim, a cientista acredita que “a ciência portuguesa se vai tornando cada vez mais competitiva” para os fundos europeus.

Ana Teresa Pereira também esteve presente no encontro na Fundação Calouste Gulbenkian e considera que deveria ter sido “referida”, no evento, “uma aposta clara nos recursos humanos para a ciência”. Com efeito, embora tenha sido muito mencionada a “excelência”, a cientista julga que, para a atingir, “é também preciso oferecer mais condições de trabalho”.

Não obstante, a presidente da ABIC diz ter ficado, “no geral”, com “uma ideia positiva”, que ainda não tinha conseguido “até esta altura”, de que há uma estratégia para a ciência do ministério, da secretária de Estado e da Fundação para as Ciências e Tecnologia (FCT)”. Por isso, “saber que o investimento feito até agora vai continuar a ser apoiado” é a “segurança que faltava” aos cientistas, entende.

Ana Teresa Pereira elogia, ainda, a “boa colaboração entre a Associação de Bolseiros de Investigação Científica e a FCT”, considerando que tem existido uma “relação construtiva” e uma “abertura para o diálogo que beneficia todos”.

Crescimento da ciência não foi acompanhado pelo investimento

Na reunião de terça-feira, Leonor Parreira sublinhou o “crescimento quantitativo muito significativo” da ciência, embora tenha considerado que este “não foi acompanhado de um investimento equivalente”, uma vez que Portugal está “abaixo dos países de referência em termos de número de candidaturas” a bolsas europeias.

Exemplo disso são os 450 milhões de euros com os quais Portugal contribuiu para o Sétimo Programa-Quadro da União Europeia (FP7) e dos quais “só conseguiu recrutar 300 milhões”, afirma Leonor Parreira. “Toda a comunidade tem de perceber que tem de concorrer a todas as oportunidades de financiamento”, acrescenta.

A cientista garantiu, também, que o financiamento médio por proposta portuguesa aprovada pelo FP7 é de 0,33 milhões de euros, o que se traduz em cerca de menos 40% relativamente a outros países. Leonor Parreira exemplifica que, “por cada euro do FP7 que Portugal capta de investimento, a Suíça capta 5,3 euros”.

A secretária de Estado frisou, por isso, que é necessário “otimizar a alocação de fundos públicos com critérios exclusivos de qualidade”, além de “procurar ativamente fundos de financiamento alternativos aos fundos nacionais da FCT”.