Alguma vez pensou conseguir ganhar dinheiro com a reciclagem? José Pedro Parreira da Silva já e, com esta ideia, venceu o concurso de Negócios Sociais da Share UP, uma iniciativa que pretende identificar talentos de liderança e empreendedorismo social no seio da comunidade académica.

A frequentar o 2.º ano de Economia na Faculdade de Economia da Universidade do Porto (FEP), José Pedro apostou numa ideia simples mas eficaz, consistindo em remunerar os particulares que decidam separar e entregar o lixo reciclável.

Com o projeto a que chamou “Separar para Ganhar, do Plano à Prática”, o estudante garantiu a vitória por unanimidade do júri composto por dois professores da FEP (Carlos Melo Brito e Luísa Pinto), um representante do departamento de Planeamento e Controlo de Gestão da SONAE, um jornalista do “Diário Económico” e vários membros da Share UP, e um prémio de 300 euros. À iniciativa concorreram sete projetos, tendo sido apurados três para a final.

“Acredito que a reciclagem deve ser o destino final preferencial das embalagens dos produtos que usamos. Para conseguir o nível ideal, é necessário incentivar monetariamente a separação dos resíduos”, explica José Pedro, em comunicado.

Estudantes sensíveis aos negócios sociais

O objetivo era “sensibilizar a comunidade académica para a criação de um negócio social que colmatasse uma carência e fosse sustentável”, refere Tatiana Madureira da Share UP, organizadora do concurso, sediada na FEP e integrada na Share, uma organização internacional sem fins lucrativos que conta com a presença de estudantes de todo o mundo.

Depois de um projeto semelhante à escala global, apresentado no centro YUNUS, no Banglasdesh, “surgiu a ideia de lançar um concurso de negócios sociais, mas só direcionado para os estudantes da cidade do Porto”, acrescenta Tatiana.

Além da apresentação da ideia, o concurso previa a realização de uma análise económica do negócio e uma avaliação das conclusões. A implementabilidade do modelo era um dos critérios valorizados pelo júri e “o efeito foi positivo, conseguindo [o José Pedro] provar que a ideia era concretizável”, refere Tatiana Madureira, da Share UP. A pertinência, o impacto socioeconómico, a escalabilidade, a solidez da análise, a criatividade e a inovação também foram tidos em consideração.

Embora não preveja pôr a ideia em prática, José Pedro afirma, no mesmo comunicado, que o projeto “tem um potencial de aplicação praticamente global, ainda que tenha de ser ajustado de modo a permitir uma maior adequação às especificidades de cada população e/ou região”.

Dado o sucesso desta edição, segundo a Share UP a iniciativa vai continuar, mas apenas no próximo ano.