Com a atual conjuntura económica crescem as críticas e a atribuição de culpas entre os países da União Europeia (UE). Na Grécia começa a notar-se o crescimento de uma forte crítica relativamente à austeridade alemã, o que levou à alteração de alguns comportamentos sociais perante o povo alemão.

Desde a frase “alemães=nazis” escrita em inúmeros cartazes nas manifestações gregas às capas de jornais com Angela Merkel, a chanceler alemã, a empunhar uma cruz suástica e um chicote, cresce o estereótipo dos alemães como opressores indesejáveis. Nas ruas da capital grega notam-se, agora, alguns comportamentos xenófobos.

Teixeira Lopes, doutorado em sociologia e deputado do Bloco de Esquerda (BE), explica que a criação de estereótipos é um fenómeno “culturalmente normal”, que, geralmente, serve para antecipar o comportamento dos outros.

Como explica Texeira Lopes, “os alemães intervêm na história grega durante o século XX de forma muito intensa”, uma vez que invadiram o território grego, durante a segunda guerra mundial. “Se se juntar a invasão alemã, a colonização económica no século XXI e o forte nacionalismo da parte grega” estão reunidas as condições para tornar “o alemão como um invasor” e “opressor”, afirma. Segundo o deputado do BE, esta é uma situação “normal” dentro dos quadros culturais vigentes.

Portugal é um dos países, que, como a Grécia, se encontram numa crise económica com perspetivas de resolução a longo prazo. No entanto, na opinião de Teixeira Lopes, é muito difícil concluir que o panorama grego contagie o português, uma vez que as “variáveis são diferentes”.

O facto de Portugal não ter estado presente na segunda guerra mundial e de a crise grega ser “ainda mais profunda” que a portuguesa, alivia a perceção que os portugueses têm sobre as políticas alemãs e, como consequência, a forma como se encara o seu povo. Portugal tem “outros ingredientes”, como “a crise económica e o sentimento de que há um diretório alemão forte e opressor”, afirma.