A chama olímpica remonta aos tempos da Grécia Antiga, local onde nasceram os Jogos Olímpicos. Com origem na mitologia grega, a chama evoca a lenda de Prometeu, que terá roubado o fogo a Zeus para o oferecer aos mortais. Em 1928, a edição dos Jogos Olímpicos de Amesterdão recuperou a tradição de manter a chama acesa durante o período da competição. Hoje em dia, alguns meses antes do início de cada edição dos Jogos, o histórico fogo acende-se na Grécia, através de um sistema que combina luz natural e um espelho parabólico. É desde o templo de Hera que a chama viaja, numa tocha, para as cidades que acolhem os Jogos.

A próxima paragem da chama olímpica é Londres e, entre as cerca de oito mil pessoas que a transportam, estão três portugueses. Isabel Jonet, presidente do Banco Alimentar Contra a Fome, Filipa Ferreira, campeã nacional de marcha júnior, e Jorge Gonçalves fazem parte da média de 115 pessoas que irá carregar, diariamente, a tocha olímpica. Durante 70 dias, a tocha atravessa todo o Reino Unido até chegar ao Estádio Olímpico de Londres, num total de 12874 quilómetros. A 19 de maio, parte de Land’s End, no sudoeste de Inglaterra, terminando o seu percurso a 27 de julho, dia de abertura dos Jogos.

O processo de seleção de muitos daqueles que vão transportar a tocha deu-se de uma maneira inovadora. Numa campanha chamada “Everyone’s Olympic Games”, a Samsung pediu ao público que submetesse candidaturas de pessoas com histórias de vida que considerassem especiais. A tocha será carregada a pé, mas também transportada por barco, teleférico, balão de ar quente, mota e cavalo. Dinah Gould, com 100 anos, é a participante mais velha.

A tocha dos Jogos Olímpicos de Londres foi desenhada pelos britânicos Edward Barber e Jay Osgerby. Com apenas 800 gramas, a tocha tem cerca de oito mil pequenos furos, em homenagem ao número de pessoas que a vai transportar. Os designers inspiraram-se no mote dos Jogos Olímpicos: “mais rápido, mais alto, mais forte”.

Honra e surpresa entre as portuguesas

A presidente do Banco Alimentar Contra a Fome, Isabel Jonet, é uma das portuguesas que vai ter a oportunidade de participar no percurso da chama olímpica. Em declarações ao JPN, revela ser uma “grande honra” e, ao mesmo tempo, “uma surpresa” ser escolhida para se juntar a “tantas histórias únicas”, naquilo que considera ser também um “reconhecimento muito especial ao trabalho do Banco Alimentar”.

Isabel Jonet fará o seu percurso a partir de Chester, na região de Liverpool e, em jeito de brincadeira, diz esperar “um dia sem chuva” e um “percurso relativamente curto”. A portuguesa lamenta não poder “assistir a nenhuma prova dos Jogos Olímpicos”, mas espera que, como sempre, seja “um momento de salutar competição, disputada com honestidade e fair play” .

Filipa Ferreira tem 17 anos e é campeã nacional júnior de marcha atlética. A candidatura da atleta do Clube Oriental de Pechão foi submetida pela irmã, que elogiou a dedicação e vontade que Filipa coloca no desporto que pratica. A jovem campeã afirma que nunca lhe passou pela cabeça ter esta oportunidade, mas garante que “não podia estar mais contente” por saber que vai fazer parte duma cerimónia tão histórica, ainda para mais por “apenas três pessoas em Portugal terem essa honra”.

A jovem atleta irá transportar a tocha durante 300 metros, a partir de Acrefair (País de Gales), admitindo que gostava de fazer o percurso a marchar, por ser a modalidade que pratica e por ser “tão pouco conhecida e mediatizada”. “Vai ser um dia que não vou esquecer de certeza e que não me vou cansar de recordar ao longo da minha vida”, acredita. Apesar de não estar presente na altura em que decorre a competição, Filipa Ferreira vaticina que vai ser uma grande edição. “Penso que Londres é um palco perfeito para o evento. É uma cidade que já tive o prazer de conhecer e admiro bastante”, afirma.

“Os Jogos Olimpícos são o objetivo máximo da carreira de qualquer desportista e sabemos que todos os que lá chegam treinaram muitos anos para aquele dia”, diz Filipa Ferreira, garantindo que trabalha todos os dias para um dia poder estar presente na competição. A atleta tem a certeza de que vai passar os dias da competição “colada à televisão”, dedicando especial atenção à prova de Marcha Feminina onde, entre as três portuguesas que marcham, vai estar presente a sua colega de equipa e amiga, Ana Cabecinha. “Vou estar muito nervosa por ela”, confessa.