Mark Zuckerberg anunciou, em entrevista ao programa americano “Good Morning America”, uma nova funcionalidade do Facebook. Ao lado de informações pessoais como a data de nascimento e a naturalidade, os utilizadores vão poder identificar-se como dadores de órgãos.

Além de colocar esta funcionalidade disponível, a rede social disponibiliza alguns links úteis aos utilizadores que se inscreverem nela: centros de transplantação, listas de espera e associações onde as pessoas se podem dirigir e inscrever como dadores.

Na página da rede social, Mark Zuckerberg anunciou que, em 24 horas, cerca de 100 mil utilizadores aderiram à nova função da rede social, nos Estados Unidos e Reino Unido. Segundo dados disponibilizados pela mesma, uma média de 18 pessoas com necessidade de transplante morrem todos os dias sem encontrar um dador compatível, nos EUA.

A funcionalidade também é um incentivo à doação e uma forma de dadores serem encontrados de forma mais rápida. Zuckerberg revelou à imprensa norte-americana que a ideia surgiu em conversa com a namorada, que é estudante de Medicina, sobre a falta de órgãos.

O criador do Facebook disse, também, que esta nova opção da timeline do Facebook foi inspirada por Steve Jobs, falecido em 2011. O transplante de fígado que o co-fundador da Apple fez permitiu-lhe mais anos de vida após o diagnóstico inicial de cancro.

SPT apreensiva com a liberdade desta funcionalidade

Fernando Macário, presidente da Sociedade Portuguesa de Transplantação (SPT), revela alguma apreensão quanto a esta prática. “A decisão de doar um rim ou parte de um fígado deve ser uma decisão tomada no seio da família ou dos que nos são queridos (…). A doação deve ser individualizada e não o fornecimento de uma peça para um banco de órgãos destinados a recetores anónimos”, considera.

Fernando Macário mostra-se preocupado com uma banalização “numa qualquer rede social e objeto de popularidade dentro duma rede de contactos porventura superficiais”, deste tipo de informação. Contudo, não deixa de referir que “a doação de órgãos de cadáver tem diferentes enquadramentos legais consoante o país.”

O presidente mostra-se preocupado com um possível retrocesso no combate ao comércio de órgãos, que “tem sido uma longa luta de muitos profissionais da área e de muitos setores da sociedade”.