François Hollande é o mais provável vencedor das eleições presidenciais em França, a acontecer no domingo. Depois ganhar na primeira volta, o candidato do Partido Socialista francês continua à frente de Sarkozy nas sondagens e tudo indica que esta distância se vai manter.

Apesar de Marine Le Pen não beneficiar nenhum dos candidatos com o seu voto e o seu eleitorado, Hollande viu-se apoiado por François Bayrou, líder do partido centrista MoDem. O apoio surpreendeu, mas os analistas políticos acreditam que não vai alterar as votações de domingo. Ainda assim, foi mais uma derrota para Nicolas Sarkozy, que vai perdendo pontos para Hollande.

No entanto, na opinião de David Marsh, historiador da moeda única, esta possível derrota de Sarkozy é benéfica para Portugal, uma vez que “Hollande vai defender a ideia de que os alemães e outros países credores devem ser mais generosos em relação aos países devedores”, diz em entrevista à Agência Lusa.

Contudo, o historiador acrescenta que “até poderá haver uma campanha de sedução de Hollande a países como Portugal”, mas ainda é muito cedo para tirar conclusões. “É melhor manterem-se do lado dos alemães, o verdadeiro poder na Europa”, refere. Todavia, o rumo europeu de França também não deve ser alterado com Hollande.

Além disso, há outros factos a comprovar que a eleição de Hollande pode ser positiva para toda a Europa. Nas palavras de Carlos Gaspar, investigador do Instituto Português de Relações Internacionais (IPRI), “a eleição é boa para a Europa se, como se espera, França e a Alemanha puderem restaurar uma relação mais equilibrada entre si”.

Deste modo, “a relação entre a Alemanha e a França sempre funcionou melhor quando os responsáveis políticos pertenciam a famílias políticas diferentes”, diz o investigador, em entrevista ao JPN. Este vai ser o caso de Hollande e Merkel caso o candidato de esquerda seja eleito. Assim, também “há uma expectativa fundada na capacidade de François Hollande e de Angela Merkel para convergirem num programa de reformas”, algo que pode servir de resposta “à crise portuguesa”, que precisa de uma “resposta europeia”, afirma Carlos Gaspar.

Único debate entre os candidatos foi considerado agressivo

A palavra mais utilizada para descrever o único debate entre os dois principais candidatos à presidência francesa foi “agressivo”. Durante mais deduas horas, os candidatos trocaram acusações, sendo que Sarkozy apresentou-se numa posição ofensiva desde o início do debate. François Hollande reagiu às críticas mas numa atitude mais controlada e aproveitou para sair vencedor. Nas palavras de Carlos Gaspar, este “foi um debate mais áspero do que é habitual na eleição presidencial francesa”.

Apesar do debate não alterar o panorama a favor de ninguém, a imprensa internacional acredita que Hollande saiu “fortalecido” na discussão com Sarkozy e vê-o como “favorito incontestável” às eleições do próximo domingo.

No entanto, a anáfora repetida pelo socialista mais de quinze vezes, “Moi, président…”, enquanto fazia as últimas promessas eleitorais, tem sido muito partilhada nas redes sociais e nem sempre alvo dos melhores comentários. Por outro lado, o objetivo de Sarkozy, que parecia focar-se no futuro e nas promessas a cumprir, perdeu-se no meio de acusações mútuas que caracterizaram o debate.

Agora, a dois dias do momento decisivo, há um Nicolas Sarkozy a denunciar as “infâmias” e “calúnias” contra a sua campanha política e um François Hollande “muito normal”, nas palavras do ainda presidente, mas que é quase um vencedor garantido.