O advento das redes sociais fez com que se começasse a preconizar grande envolvência das mesmas nos Jogos Olímpicos de Londres 2012 – os primeiros Jogos “sociais”. Essa opinião foi reforçada depois do lançamento do “Olympic Athletes’s Hub”, uma plataforma que reúne, numa só página, todas as publicações dos atletas nas redes sociais que utilizam.

No entanto, a organização decidiu implantar algumas regras que começam a alterar este panorama. Foram impostas restrições a atletas e espetadores quanto à utilização e partilha de conteúdos na web. Durante as Olimpíadas, os atletas participantes nas 26 modalidades estão proibidos de fazer upload de fotos e vídeos, por exemplo, no Facebook, Twitter ou Youtube.

Esta ação é motivada pela proteção dos direitos de imagem e dos patrocinadores oficiais e quem as quebrar pode ser desclassificado ou expulso da competição. Os atletas também não vão poder tirar fotos junto a produtos de marcas que não estejam entre os patrocinadores. Por exemplo, um atleta não poderá ser fotografado a beber uma lata de refrigerante Pepsi, quando um dos patrocinadores das Olimpíadas é a Coca-Cola.

Além disso, os organizadores decidiram que, no interior e exterior de todas as infraestruturas que albergam as competições, não deverá estar visível nenhum logótipo ou símbolo a não ser dos Jogos Olímpicos ou dos seus patrocinadores oficiais. Essas referências poderão ser removidas ou tapadas. O Twitter também proibiu os anúncios de marcas que não estão associadas aos Jogos na hashtag #London2012.

Espetadores não poderão partilhar na internet a sua experiência olímpica

Imagens, vídeos ou som dos Jogos Olímpicos captados por um espetador não podem ser usados “para outro fim que não seja o uso privado e doméstico”, isto é, “um portador de bilhete não pode vender, transmitir ou divulgar vídeo e ou som, incluindo em redes sociais e na Internet em geral”, diz o comunicado oficial. Os donos de bares ou cafés também não podem, por exemplo, exibir cartazes que convidem as pessoas a assistir aos Jogos nas televisões dos seus estabelecimentos.

Os vídeos amadores poderiam, então, estar ausentes da maior festa do desporto mundial, mas fonte da organização já admitiu que é impossível controlar todo o universo de espetadores ligados à Internet. Em declarações à BBC, um membro da organização diz esperar que impere o bom senso e que a preocupação passa por impedir aqueles que procuram ganhar dinheiro, através dos conteúdos captados, sem estabelecerem uma parceria oficial.

Ainda assim, para assegurar o cumprimento destas regras, a organização decidiu criar uma “branding police” (algo como uma “polícia das marcas”).

Restrições também vão estar na Missão Olímpica Portuguesa

Em declarações ao JPN, João Malha, diretor de Marketing e Comunicação do Comité Olímpico de Portugal, confirma que os atletas portugueses não se vão ver livres destas restrições, uma vez que “as regras têm de ser cumpridas por todos os Comités participantes”. As restrições vão estar incluídas no regulamento interno da Missão Olímpica, que será fornecido aos atletas antes da partida para Londres.

“Dado existir um regulamento interno, não temos dúvidas de que os atletas nacionais irão cumpri-lo escrupulosamente, dado o seu profissionalismo e sentido de responsabilidade”, diz João Malha, até porque as restrições “visam evitar a divulgação de dados que podem pôr em causa os atletas”.

O Comité não entende as restrições como uma limitação à liberdade de expressão dos atletas. “Nos Estados Unidos da América, na NBA ou NFL, mas também em clubes de futebol europeus, existem restrições que visam proteger equipas e instituições. São mecanismos de defesa das organizações, que são tão válidas para o desporto como para qualquer outra área de atividade”, conclui.