De acordo com uma estimativa dos laboratórios que integram o programa europeu de controlo, em relação aos raios ultravioleta, o cancro de pele pode atingir o seu pico de incidência, em toda a Europa, em 2040. Este foi o alerta de António Picoto, presidente da Associação Portuguesa de Cancro Cutâneo (APCC), na passada quarta-feira, 9 de maio.

O dermatologista e membro da APCC, Paulo Santos, afirma que, embora em Portugal não existam “estatísticas precisas”, a sua perceção é de que o número de incidências de cancro de pele “tem estado a aumentar”. Segundo o médico, são as pessoas “de mais idade” as mais afetadas pela doença mas têm, igualmente, “aparecido alguns jovens”.

Apesar de a idade – pela diminuição de defesas – e as questões genéticas serem fatores de risco, o mais perigoso é a exposição solar, a longo prazo. Isto quer dizer que os jovens de hoje, ao menosprezarem os perigos que daí advêm, poderão sofrer as consequências mais tarde. Paulo Santos afirma que “as pessoas de idade também já foram jovens” e, tendo em conta que, nessa altura, “ainda não havia a noção”, estão “a colher esses frutos agora”.

Campanhas de alerta são cada vez mais frequentes

Paulo Santos garante que “dermatologistas, e não só, estão empenhados no sentido de educar mais a população” para os riscos da exposição solar. Por isso, a APCC tem promovido, nos últimos anos, várias campanhas, nomeadamente em praias, através da distribuição de folhetos, que “depois são relatadas também nos media”.

Ainda assim, o médico considera que esta é uma “tarefa árdua”, já que “o prazer que dá estar na praia a apanhar sol é um hábito que está imbuído em muita gente”. Embora admita que o “sol também tem benefícios”, Paulo Santos reforça que os “excessos são perigosos” e, portanto, impera a necessidade de “alertar para mudança de hábitos”. O dermatologista acredita que as campanhas têm surtido efeitos, mas esses só serão visíveis “muito mais tarde”.

“Evitar as horas vermelhas, levar guarda-sol, um bom protetor solar, roupas que nos protejam e ter cuidado com as crianças” são os conselhos do médico para passar “horas de lazer” em segurança.

Em Portugal, “a maior parte” dos casos de cancro de pele “são curáveis”, garante Paulo Santos.
No geral, são detetados ainda “numa fase inicial” e, por serem tratados precocemente, “os níveis de cura” têm vindo “a aumentar”. Para tornar mais fácil esta tarefa, o médico aconselha a fazer “uma vigilância” regular do corpo como, por exemplo, “no fim do banho ver, em frente ao espelho, se há algo de novo ou algum sinal que se alterou”.

Este ano, o Dia do Euromelanoma realiza-se na próxima quarta-feira, 9 de maio, e a Associação Portuguesa de Cancro Cutâneo promove, por todo o país, rastreios gratuitos ao cancro de pele, destinados ao público em geral. No Porto, estes podem ser feitos nos serviços de dermatologia do Hospital de São João, do Hospital de Santo António, no Instituto Português de Oncologia (IPO), na Liga Portuguesa Contra o Cancro (núcleo da região norte) e, ainda, na Centro de Dermatologia Epidermis, do Instituto Cuf Porto. É necessária marcação prévia nas unidades hospitalares.