Às 10h00 de 9 de maio, quarta-feira, no Palácio da Bolsa, Portugal e Espanha vão encontrar-se com a prioridade central de reatar a proximidade nas relações ibéricas e intensificar os laços que os unem. A 25.ª cimeira luso-espanhola põe fim a um interregno de três anos nas cimeiras bilaterais, tendo a última ocorrido em Zamora, em janeiro de 2009.

O programa é simples. Em cinco horas deverão ser discutidos temas de vários setores como energia, ambiente, educação e transportes, contando com a presença da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), Confederación Española de Oganizaciones Empresariales (CEOE), Associação Empresarial de Portugal (AEP) e Associação Comercial Portuguesa – Câmara do Comércio e Indústria (AIP-CCI), representadas pelos seus presidentes. A crise económica, uma vez que é parte integrante do ambiente em que o encontro decorre, não deverá escapar às intervenções dos primeiros-ministros espanhol e português, Mariano Rajoy e Pedro Passos Coelho, agendadas para o fim da sessão, que deverão abordar as diferentes reformas previstas para fazer face à situação económica atual.

Principais temas em debate

Outros temas previstos para o diálogo entre os dois governos são as perspetivas financeiras, o papel do Banco Central Europeu e a Europa depois das eleições francesas e gregas. Segundo fontes oficiais espanholas, a segurança, a defesa, as relações empresariais também deverão ser objeto de debate.

No que respeita ao setor da energia, o jornal i antecipa que, embora não haja acordos concretos, no Palácio da Bolsa se deverá propor o fim da dupla tributação nas redes de gás, um das exigências da troika que Portugal quer acelerar, no sentido de consolidar o projeto relacionado com o Mibgás, a rede ibérica de gás.

Os transportes estarão em destaque, centrando-se a discussão nos avanços para a implementação da bitola europeia nas ligações entre Lisboa e a fronteira franco-espanhola, um problema complexo, uma vez que Espanha ainda não tem um calendário para a conclusão do eixo da bitola europeia entre Madrid e a fronteira francesa. Vai, igualmente, tentar-se encontrar uma solução para o Lusitânia Express, a ligação férrea Lisboa – Madrid, que, inicialmente, Portugal queria extinguir, mas que, agora, segundo fontes dos dois governos, pode ser mantida, ainda que com alterações.

A nível ambiental, também poderão surgir avanços, realçando-se a criação do Parque Internacional do Tejo e a revisão do acordo de pesca artesanal, assinado em Braga e que, inicialmente, abrangia Madeira e Açores, mas que deverá contar unicamente com a assinatura da Madeira. Quanto à água, apenas se espera uma declaração geral do compromisso com a gestão dos recursos hídricos.

Reatar e intensificar laços ibéricos

Depois de sucessivos adiamentos da cimeira (que chegou a estar marcada para 2010 em Elvas) devido a episódios da conjuntura política dos dois países, fontes do governo espanhol explicaram à Agência Lusa que, deste modo, mais do que avançar em grandes acordos, o encontro servirá para “cimentar as relações bilaterais habituais”.

Com estes temas em agenda na 25.ª cimeira luso-espanhola, “quer voltar a relançar-se a relação muito próxima com Portugal, intensificando a relação que existia e, ao mesmo tempo, promover contactos mais contínuos”, resume fonte da presidência do Governo espanhol.