O Bodyspace Au Lait já não é de agora. A ideia nasceu em janeiro de 2011, com JP Simões, e tinha como data de validade o final do ano. Em 2012, os domingos de música no Café Au Lait, na portuense rua das Galerias de Paris, continuaram e, no ano em que a webzine Bodyspace celebra o décimo aniversário, a iniciativa continua firme, popular e alternativa. Com entrada livre e sempre a partir das 19h00, o projeto “aposta tanto em nomes que são já conhecidos do público em geral, como naqueles que começam agora a trilhar um caminho de sucesso”, dizem.

Desta vez, o Bodyspace Au Lait traz ao Porto The Partisan Seed, o alter-ego de Filipe Miranda. O músico barcelense vai subir ao palco do Café Au Lait quase três anos depois da primeira vez, já no dia 20 de maio. Para Filipe, este concerto “é o regressar a um espaço muito bonito”, onde espera encontrar caras familiares e conhecer pessoas novas. “Vou lá tocar o meu novo disco, existe uma vontade grande da minha parte de partilhar estas novas canções com as pessoas”, diz.

O novo disco é “SpiritWalking“, o terceiro álbum de longa duração do artista, depois de “Indian Summer” (2008) e “Visions of Solitary Branches” (2006), e traz-nos uma complexidade de sentimentos nus e crus com uma sonoridade limpa, leve e simples. Para além de completar de uma trilogia iniciada em 2006, SpiritWalking “é produto da catarse, de um escrutar profundo de uma alma presa por fios, precária dentro de um corpo”, define Filipe. “SpiritWalking é amor, dor e lágrimas num planar constante sobre as noites e dias para além de terrestres… mais do que uma qualquer revolução”.

Este novo trabalho foi composto durante o ano de 2010, à exceção de “The First Rays Of, guardado num bloco de notas desde 1999, e gravado em apenas uma sessão, numa noite de janeiro do ano passado. O que interessa, afirma Filipe, “é comunicar bem aquilo que pretendo com as minhas canções, para o bem e para o mal”.

Designer, compositor, vocalista dos Kafka até 2005 e membro dos Interm.Ission, Nikouala, Was An Outsider e Villa Nazca, Filipe tem projetos que ocupam duas mãos, mas diz ser “um caos saboroso” e preciso, em que gosta de trabalhar – basta-lhe criar objetivos e cumpri-los. “Sou um bocado esquizofrénico a criar, preciso de fazer muitas coisas diferentes ao mesmo tempo”, conta.

Da composição constante e da imaginação fértil, surgiu The Partisan Seed, uma forma de dar vida às músicas que foi criando ao longo dos anos e que o trabalho nos Kafka não o deixou editar. “Quando a banda acabou, há uns 7 anos, decidi avançar para isto, assim como para tudo o resto que me foi dando prazer na música”, recorda. Hoje, o balanço é muito positivo e The Partisan Seed é, essencialmente, um desfilar de canções que descrevem coisas muito pessoais, memórias, acontecimentos e sonhos”, afirma.

Para comprovar ou recordar, é dar um pulinho ao Bodyspace Au Lait, até porque o concerto promete. “Improviso muito e deixo-me levar, embalado pelas imagens que se vão formando no momento, no meu corpo e na minha cabeça, fruto dessas memórias e da catarse que vai acontecendo em mim quando as canto. Sinceramente, nunca sei bem o que poderá sair de um concerto”, garante. Por isso, é estar lá para ver: dia 20 deste mês, às 19h00, no local de sempre.