Entre cânticos que exigiam medidas sociais no Ensino Superior, cerca de 50 estudantes da Universidade do Porto (UP) juntaram-se ontem, terça-feira, em frente à Reitoria da UP, entoando palavras de ordem contra o sistema vigente. Ana Paiva, aluna da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP), foi uma das manifestantes que se juntou ao coro reinvidicativo. A estudante disse estar a lutar contra “as más condições no ensino superior”, sendo, segundo a própria, uma das afetadas por estas políticas, visto que o seu pai “não recebe reforma e só a mãe trabalha”. Mesmo assim não tem direito a bolsa, sendo trabalhadora-estudante.

Um dos objetivos desta manifestação foi a entrega de um “mega-envelope” ao reitor cujo destino final é o ministro da Educação e Ensino Superior, Nuno Crato. Dentro do envelope seguem várias propostas subscritas por todos os manifestantes que quiseram fazê-lo. O envelope foi levado, no fim da manifestação, em cortejo até ao interior da reitoria onde foi depositado.

As reinvidicações eram muitas e algumas foram ouvidas pelo JPN. Bruno Madeira da FLUP pede mais fundos para o ensino superior, ao sugerir um taxamento das transações em bolsa. Medida que, segundo o próprio, daria para subsidiar os gastos no ensino universitário. Jorge Pinto refere que alguns colegas tiveram de abandonar a faculdade. Isto porque lhes são exigidas deslocações a Vila do Conde, onde se situa o pólo de Vairão, sendo que alguns não têm fundos suficientes para as despesas do passe.

Poderão ser necessárias medidas mais radicais

Em Coimbra alguns estudantes já optaram por medidas mais radicais para expressar o seu descontentamento. Desde boicote às aulas e ocupações de cantinas, já foram muitas as ações de protesto mais efusivas que motivaram os estudantes de Coimbra. Até agora, os alunos da UP ainda não optaram por essa forma de protesto. Contudo, de acordo com o dirigente estudantil da AEFLUP, Ricardo Sá Ferreira, ” a partir de agora esses métodos (mais radicais) também estão em cima da mesa”, visto que, segundo o ativista, “já foram esgotados todos os canais institucionais”.

Os estudantes aproveitaram a atenção mediática para chamar a atenção para uma medida proposta pelo reitor da UP que pretende acabar com a época especial de setembro. Esta medida, denunciada por Ricardo Sá Ferreira, é, segundo o próprio, contrária aos interesses dos trabalhadores-estudantes. O dirigente estudantil congratulou-se ainda por terem conseguido “puxar” para a agenda política “vários assuntos que já não se falavam há algum tempo”.