Finda a sessão de encerramento das celebrações dos 25 anos do programa Erasmus, o reitor da Universidade do Porto (UP), Marques dos Santos, emitiu algumas declarações que criaram polémica no seio da comunidade académica. O reitor aconselhou ao país “seis meses de silêncio” para as medidas que estão a ser tomadas serem levadas a bom porto. Enquanto produzia estas declarações, na parte exterior da reitoria, fazia-se ouvir uma manifestação estudantil convocada pela AEFLUP.

O JPN foi ouvir alguns dirigentes estudantis e perceber qual a sua reação às declarações da personalidade máxima da Universidade do Porto. Ricardo Cardoso, presidente da AEFEUP, diz ver com muita “apreensão e dificuldade” estas declarações. Apesar de compreender que o reitor queira alguma “estabilidade” para promover as reformas necessárias, o representante dos estudantes da Faculdade de Engenharia refere que “essa estabilidade resulta da concertação e não da resignação”. “Essa passividade não é o que a universidade deve ensinar”, opina.

Opinião semelhante tem Diogo Faria, presidente da AEFLUP. O dirigente associativo, organizador da manifestação que coincidiu com as declarações de Marques dos Santos, adjetiva as declarações do reitor como “infelizes”, afirmando que o reitor mostra um “grande desfasamento em relação aquilo que são os problemas que os estudantes vivem neste momento”. Diogo Faria vai mais longe e pede ao reitor para se manter “seis meses calado”, para não dizer “coisas tão tristes” como disse.

As ideias transmitidas pelo presidente da AEFLUP são também semelhantes a Pedro Pereira, presidente da AEFDUP e de Inês Soares, presidente da AEFBAUP. O primeiro diz-se “chocado” e reafirma a necessidade de apelo à “participação” e não ao “silêncio” e à “abnegação”. Já a presidente da AEFBAUP, Inês Soares, é da opinião de que “a faculdade é feita para servir os estudantes e não para os estudantes servirem os reitores”.

Reitor sempre apoiou as associações de estudantes

As palavras de Marques dos Santos foram recebidos com alguma incredulidade por parte dos representantes estudantis. Isto porque, segundo os próprios, nunca tinha havido nenhuma anormalidade na relação da reitoria com as AE. Diogo Faria refere isso mesmo, dizendo que “este momento” não tinha tido qualquer “problema de relacionamento com o reitor”. A opinião é coadjuvada por Ricardo Cardoso da AEFEUP. O dirigente diz que não recorda “nenhum momento em que o reitor tivesse sido chamado para reunião de associação de estudantes e recusasse ir”. Ricardo Cardoso apenas critica o “desprezo” a que é votado o Senado da Universidade do Porto, por parte do reitor.

Na sua experiência académica, Pedro Pereira também diz não ter sentido nenhuma falta de apoio por parte da reitoria à AEFDUP. O representante dos estudantes da Faculdade de Direito, afirma que houve sempre “acompanhamento direto das associações de estudantes” por parte da reitoria. Mais cética está Inês Soares. A dirigente estudantil afirma, contudo, que numa reunião com o diretor da Faculdade de Belas Artes, este lhe garantiu que “o reitor fazia todos os esforços para que as necessidades dos estudantes fossem satisfeitas”.