Chama-se KiSH (“Kids in Safe Hands”) e já se encontra disponível na AppStore da Apple, com um custo que ronda os sete euros. A aplicação foi desenvolvida por um programador britânico, em conjunto com um consultor da Interpol, especialista em calamidades naturais e em investigar pessoas desparecidos, ambos parceiros da Associação Portuguesa de Crianças Desaparecidas (APCD).

Consiste num sistema de localização de crianças em espaços públicos, como estádios de futebol ou centros comercias, tendo em vista o seu alargamento às praias. Em iPhones ou, brevemente, em smartphones Android, os pais podem colocar uma fotografia dos filhos desaparecidos acompanhada da sua descrição física, roupa com que estavam vestidos, ou informação que considerem relevante. “Tem todos os dados necessários à localização rápida da criança e transmite um alerta para o espaço público que tiver aderido ao sistema”, explica a diretora da APCD, Patrícia Cipriano.

Uma aplicação intuitiva

Em Portugal, adianta a diretora da APCD, vai ser realizada uma experiência no Estádio da Luz e já se iniciaram, igualmente, contactos com a Mundicenter, empresa que gere as grandes superfícies comerciais.

Trata-se de “uma aplicação muito intuitiva para os pais”, salienta Pratícia Cipriano. Nos estádios de futebol ou nos centros comerciais, caso ocorra uma situação de desaparecimento, “basta premirem um botão de alarme e, em segundos, todas as equipas que têm de intervir começam a ser alertadas”, acrescenta. Após o alerta, são tomadas medidas preventivas imediatas como o encerramento das portas e a fotografia da criança é exibida nos ecrãs do espaço e nas salas de vigilância. “Qualquer utente destes locais que tenha no seu iPhone a mesma aplicação vai receber o alerta, e este vai também direto à segurança do espaço público e à polícia”, reforça.

Se uma criança desaparecer na praia, pretende-se, igualmente, que seja encontrada rapidamente, pelo que, conforme adiantou a presidente da APCD, uma autarquia com praias já foi contatada e se mostrou interessada em adotar este sistema de vigilância para praias.

A urgência de encontrar crianças desaparecidas

Com cerca de 1.500 desaparecimentos contabilizados pela Polícia Judiciária (PJ) em 2011, mais 50 casos do que no ano anterior, a Unidade de Informação e Investigação Criminal da PJ defende a utilização de um dispositivo para localizar menores. Ressalva-se que a adoção deste sistema será voluntária, por questões de invasão de privacidade e atentado à liberdade dos menores.

“Por que é que as crianças que fazem percursos sozinhas, principalmente em zonas suburbanas ou rurais, não podem ter um dispositivo na mochila ou no relógio que dê a sua localização através de GPS?”, questionou Ramos Caniço à TVI 24.

No que respeita a esta possibilidade, a APCD defende a existência de um localizador não evasivo presente num local que a criança possa transportar sempre, considerando que se trata de uma matéria ainda pouco estudada. “Porque mesmo que apliquem um GPS numa mochila, a mochila é largada várias vezes e até a podem perder, logo não se encontrará a criança, mas sim a mochila”, argumenta Patrícia Cipriano.

Tecnologia aliada a regras de segurança

Um tema que ainda faz parte da realidade portuguesa, e que se comemora a 25 de maio, tendo o Instituto de Apoio à Criança (IAC) recebido 2.864 apelos telefónicos, em 2011. Num total de 39 crianças desaparecidas, 28 são meninas, dos 11 aos 15 anos. Fugas e Raptos monoparentais são os principais motivos de desaparecimento apontados pela APCD.

Com a KiSH, pretende-se que estes números diminuam, sendo que “é fundamental que as crianças saibam algumas regras de segurança que, complementadas pela utilização do software em espaços públicos, seguramente contribuirão para a sua localização mais célere”, remata a presidente da APCD.