Nos seus 54 anos de atividade, a Livraria Manuel Ferreira foi juntando um vasto catálogo de livros de arte e, em especial, de arquitetura. Agora, a livraria decidiu divulgar esta particularidade, organizando algumas atividades “fora de portas”, incluindo uma feira, que vai decorrer na Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto (FAUP), de 31 de maio a 4 de junho.

Com o novo projeto “Eventos & Livros”, a livraria pretende aproximar-se do público universitário, propondo esta alternativa do mundo alfarrabístico. “É dada a oportunidade aos docentes e estudantes de terem um acesso próximo aos livros usados, com preços competitivos, assim como a livros raros ou de difícil obtenção no mercado”, explica Sérgio Pinto, colaborador da livraria e organizador desta iniciativa.

Segundo a organização do evento, a Manuel Ferreira está a preparar a sua presença na FAUP ao mesmo tempo que procura criar parcerias com outros agentes culturais da cidade. Com o novo projeto da livraria, bem como com a participação em feiras alfarrabistas ou eventos como o Bairro dos Livros, a livraria quer sair da loja e ir de encontro às pessoas. Para além disso, a Manuel Ferreira organiza, ainda, leilões de bibliotecas particulares e avaliação de livros, bibliotecas ou manuscritos.

Crise afeta livreiros mas o revivalismo leva muitos aos alfarrabistas

A conjuntura económica atual também afetou a indústria e o mercado livreiro. Apesar disso, “esta é mais uma das crises que os já 54 anos de atividade da Livraria Manuel Ferreira soube ultrapassar”, garante o dono, Herculano Ferreira. “Sabemos que todas as anteriores crises foram razão de reflexão, análise e adaptação que nos trouxe vantagens, modernidade e novas expectativas”, afirma.

A mutação que o mercado do livro está a passar atualmente, entre o velho e o novo, o clássico e a tecnologia, é um problema que preocupa grandes e pequenos livreiros. Mas, para Sérgio Pinto, o maior problema do livro está na forma com que o mesmo é transformado em mero produto comercial. Daí a importância de preservar a sua essência.

“Desde o leitor de lazer ao leitor investigador, existem mil e uma razões para frequentar uma livraria e mais duas se for de livro usado ou raro”, diz. O grande “trunfo” é, agora, o revivalismo, que levou muitos a procurar as lojas de alfarrabistas à procura de pechinchas ou livros com história. “O livro raro transporta-nos para uma nova dimensão do livro, desperta-nos a sua atenção para o culto, valorização e preservação do nosso património”, finaliza.