Uma troca completa de casa, carro e até de hábitos é uma proposta que tem cada vez mais adeptos. Um cenário que lembra o filme “O Amor Não Tira Férias”, em que Cameron Diaz e Kate Winslet trocavam de casa entre Londres e Los Angeles.

Opções que se refletem, sobretudo, nos custos que umas férias podem ter, como explica António Batista, do site TrocaCasa, a versão portuguesa do HomeExchange. “Nenhuma despesa de hotel, redução drástica de gastos com a alimentação e, frequentemente, um carro, fazem com que as férias, em qualquer parte do mundo, não fiquem mais caras do que permanecendo em casa. Muitas das trocas poupam aos membros milhares de euros”, conta.

Mas o que realmente motiva as pessoas é poderem “viver como um habitante local e não como um turista”, explica António Batista.

Sónia Rocha, 35 anos, enfermeira e residente em Paredes, é adepta desta modalidade de férias. Há cerca de dois anos que pratica a troca de casas e as primeiras experiências que teve foram em Madrid e Alicante. “Permite-nos economizar significativamente e ao mesmo desfrutar da comodidade de uma casa com tudo o que necessitamos”, diz Sónia.

Atualmente Sónia Rocha tem recebido pedidos de troca de países tão longíquos como a Austrália e Trinidade e Tobago, ou ainda das ilhas Havai. Mas financeiramente, é impossível “ir a todos estes locais fantásticos”, ainda que a troca de casa permite uma poupança substancial na hora de arranjar alojamento em qualquer destino de férias.

Ana Neto é responsável de outro site de trocas para férias com delegação portuguesa. O Intervac remonta a 1953, um projeto “anterior à internet”, quando um grupo de professores holandeses e suiços levaram a cabo este tipo de trocas entre os dois países.

Os custos de adesão

Antes dos sites as experiências eram escolhidas através de catálogo de papel. Ser membro pode implicar ou não um pagamento. No TrocaCasa há três modalidades: bronze (adesão gratuita), prata (2,95 euros por mês durante um ano ou 5,95 euros por mês durante três meses) e ouro (perto de 395 euros por um ano).

Em cada modalidade há mais ou menos ofertas e mais ou menos acesso a certas páginas. No Intervac, o custo é de 70 euros por ano, mas há ainda a possibilidade de experimentar gratuitamente durante 14 dias.

Uma modalidade “viciante”

A responsável portuguesa pelo Intervac, Ana Neto, começou nesta prática em 2005. Em 7 anos já fez 12 “trocas” e começou por Nova Iorque. “Fiquei instalada perto de Central Park, numa penthouse com ótimas condições”, em alternativa a um hotel.

Recorda que a família com quem trocou nem sequer sabia onde ficava a Madeira, onde Ana mora. Muitas famílias com crianças preferem este estilo de férias pelo conforto das casas para onde vão. Ana Neto garante que “a pessoa sente-se mais envolvida no país onde está”. Ana lembra que quando fez a troca para Roma “ia ao supermercado com o cartão de descontos da dona da casa.”

Em Portugal, esta prática ainda é “um conceito estranho”, diz Ana Neto. Sónia Rocha explica que é preciso uma “mente aberta e algum nível cultural para que se usufrua em pleno” deste tipo de férias. “Obviamente que há sempre um pouco de preocupação associada, principalmente da primeira vez. No entanto, há uma cultura de respeito entre todos e claro que, ao utilizar corretamente os espaços cedidos por outros, esperamos o mesmo quando cedemos o nosso”, destaca a utilizadora do serviço.

Filipa Magalhães, 22 anos, é estudante de enfermagem na Universidade Católica. Juntamente com o pai e o irmão já viajou para vários sítios do mundo através da troca de casas. Quando tiver casa própria pretende continuar esta “tradição familiar”. Segundo a estudante, uma grande vantagem da troca é o contacto com a família de troca. “Por norma, as chaves da casa para onde vamos são entregues em mão. E esse contacto é muito gratificante.”

“Esta modalidade é super prática e podem-se conhecer imensos lugares na Europa e fora, de uma forma muito menos dispendiosa, visto que não se gasta dinheiro no alojamento”, acrescenta Filipa, que destaca uma troca que fez em Florença como uma das que mais gostou.

António Batista destaca, também, que a maioria dos membros do TrocaCasa têm um nível educativo elevado. “Mais de 92% dos nossos membros têm formação superior ou pós-graduações.” Ultimamente, os países mais procurados têm sido Itália, Estados Unidos, Reino Unido e Brasil. António Batista confirma também que depois da primeira troca já não se volta atrás, “mais tempo houvesse e mais trocas se efetuariam”.