Está confirmado: ao terceiro dia, a praia do Cabedelo, em Vila Nova de Gaia, encheu para uma dose de bons concertos. Numa noite em que a expressão “aguenta coração” nunca fez tanto sentido, o difícil foi escolher o melhor momento.

Entre alguns apertões e passos a ritmo de caracol, o caminho para o recinto do Marés Vivas TMN já fazia antever “casa esgotada”. Das crianças aos pais de família, ninguém quis perder a festa do terceiro dia de festival. E o que é certo é que ninguém se arrependeu.

Energia punk

Com mais um dia de concertos exageradamente atrasados, as atenções voltaram-se para as últimas atuações da noite. Quando o veterano Billy Idol subiu a palco, a irreverência e poder do eterno punk fez-se ouvir por todo o recinto do Marés Vivas. Acompanhado de uma banda irrepreensível, não podemos deixar de fazer referência especial ao guitarrista Steve Stevens, que levou os festivaleiros ao extâse (bem mais do que o número recomendável para a saúde da população em geral).

O músico inglês não esqueceu os grandes êxitos da sua carreira e elevou a energia a níveis extremos que não deixaram ninguém indiferente. Já a caminho dos 60 anos, Billy Idol continua o mesmo rebelde de sempre e nós agradecemos.

Música feita para dançar e descompensar

Depois do poder rockeiro do eterno oxigenado seguiu-se a energia vibrante dos Gogol Bordello. Frescos e intensos, os nova-iorquinos voltaram a Portugal para agitar os corpos e aumentar as pulsações. Quem passou pelo Marés Vivas dançou. E dançou muito, até porque os Gogol Bordello não deixam ninguém com os pés no chão. As danças, essas, eram feitas ao ritmo dos corpos e não seguiam tendências. O pó levantou e só voltou a pousar já bem perto das três da manhã. Uma autêntica festa musical onde era proibido parar. E ninguém parou, disso estamos certos. O terceiro dia de Marés Vivas fechou em ritmo acelerado e com menos calorias, tudo graças a Eugene Hütz e companhia.

Aviões e surpresas agradáveis

Mas a festa pelo palco principal começou mais cedo. A quase desconhecida Ebony Bones trouxe na bagagem o disco de estreia, lançado em 2009, e muita simpatia. Com um look irreverente e muito bem acompanhada pela sua banda, assistimos a um espectáculo de cor e de luz que cativou até os festivaleiros mais distraídos. Bem-disposta e com um sentido estético apurado, ficamos à espera de novas sonoridades da senhora britânica. Estaremos cá (num futuro próximo, esperemos) para recebê-la de braços abertos.

Ao terceiro dia, coube aos portuenses Os Azeitonas abrirem o palco principal. Catapultados para a fama à conta do tema “Anda Comigo Ver os Aviões” (ainda que já tenha sido editado há uns anos), o quarteto do Porto trouxe ao Marés Vivas Rui Veloso e um concerto competente onde o ponto alto, claro está, foi no final com a música que anda a deixar meio mundo a olhar para o horizonte.

E já com um travo a saudade, a décima edição do Marés Vivas termina mais logo ao som de Mónica Ferraz, Pedro Abrunhosa e Anastacia. Com duas mulheres no palco principal, o “girl power” vai comandar os festivaleiros. Preparem-se.