Teresa Portela é natural de Gemeses, em Esposende. Foi no clube recreativo da área que começou a praticar canoagem, com 8 anos. “A minha aldeia tem o rio Cávado e, no verão, é um desporto que se pratica bastante. Toda a gente da minha idade entrou e os meus irmãos já lá andavam”, explica.

Apesar de se ter vinculado ao Benfica no início do ano, Teresa realça que tem muito a agradecer ao Grupo Cultural Desportivo e Recreativo de Gemeses. “Ainda continuo a pertencer lá, é um clube que eu gosto e que sempre me apoiou. Quando estou no norte treino lá e continuo a conviver com as pessoas”, salienta. No entanto, grande parte do tempo da atleta é passado a sul, em Montemor-o-Velho, onde a seleção estagia.

Teresa explica que a canoagem é uma modalidade intensiva, que prende o atleta praticamente durante o ano todo. “Treinamos praticamente o ano todo, começamos a época em outubro e acabamos em agosto”, afirma. Os treinos são todos os dias e têm um regime bidiário. No inverno é mais complicado porque o treino é feito “à chuva, ao vento e ao frio”, embora essas condições também sejam necessárias na preparação do atleta. Além do treino como canoísta, há ainda o “ginásio, a natação e a corrida”, para estarem aptos com a “melhor condição possível”.

Representar Portugal

Na primeira vez que representou a seleção das quinas, a atleta tinha apenas 14 anos. Teresa recorda que a primeira chamada à seleção é mais do que apenas a convocatória. “Não só é a primeira vez que representamos, é o primeiro estágio, a primeira vez que estamos fora de casa, com outros atletas, ir à primeira prova, é sempre um mundo muito diferente, muito gratificante”, recorda.

Falar da primeira medalha merece um sorriso de Teresa. “A primeira medalha parece que abre portas para as outras, parece que estamos sempre ali perto e não conseguimos. Quando vem a medalha, é sinal que já estamos algo mais à frente”, explica.

Expectativas para Londres 2012

“Desde Pequim, tenho feito um trabalho no sentido de ir melhorando ano após ano e sinto que tenho conseguido, por isso estou realmente ansiosa para saber o que vai acontecer durante este ano”, diz Teresa. A canoísta não avança com possíveis resultados, mas tem sido consistente nas classificações, o que lhe dá ânimo para crescer cada vez mais.

Uma vez que se apurou ainda cedo na fase de qualificação, Teresa e as restantes colegas puderam preparar bem os Jogos Olímpicos. “O tempo passa muito rápido mas temos feito uma boa preparação, muito organizada”, avalia a atleta.

Quanto às condições com que vai ser recebida no local, a atleta realça que, como sempre, “na canoagem, as condições são sempre muitos instáveis e o vento, assim como o frio e o calor, influenciam sempre”. “Estamos sempre receosos porque, apesar de gostarmos de competir em condições ótimas, há sempre a possibilidade de não existirem essas condições”, refere.

Canoagem com perspetivas de futuro

Teresa avalia a canoagem como uma modalidade em crescimento, apesar de considerar que “todas as modalidades têm as suas as dificuldades”. Na opinião da atleta, os apoios podiam ser mais, embora reconheça que as ajudas têm existido e que “dá sempre para conseguir”. A Federação Portuguesa de Canoagem suporta muitas das despesas quando há competições “de nível internacional”. Teresa afirma que o Comité Olímpico também presta algum apoio e que, “quando conseguidos alguns resultados, há realmente alguns apoios”.

Teresa considera que “a canoagem não é uma modalidade muito reconhecida” mas que, ao longo dos anos, tem tido bons resultados. “Já começa a haver mais canoagem na imprensa. A entrada do Benfica nesta modalidade vem também ajudar a que haja mais reconhecimento da modalidade. Já estamos quatro atletas em clubes grandes e eu acho que isso é ótimo para a modalidade”, confessa.