“O tiro é um desporto individual em que dependemos apenas de nós próprios e das nossas capacidades, tanto técnicas como psicológicas.” É assim que Joana Castelão faz o retrato da modalidade que pratica. Começou cedo o gosto pelo tiro e depois de ter experimentado nunca mais desistiu.

Joana, de 27 anos, diz que o tiro é “uma luta individual e constante, o que faz com que o desafio seja enorme porque não há limites para tentarmos ser sempre melhores”. Sendo um
desporto que exige um nível de concentração muito grande, é também muito desgastante. “A luta interior que se vive numa prova para manter a concentração e executar a técnica na perfeição exige uma disciplina muito grande, o que leva a uma aprendizagem constante”, realça.

Tecnicamente, Joana considera que o tiro é uma modalidade fácil. “É facil evoluir tecnicamente e começar a fazer bons tiros em treino, mas as provas têm uma carga psicológica muito grande e é preciso aprender a lidar com a pressão e com a ansiedade, de modo a conseguir atingir bons resultados em prova”, explica Joana. É por isso que o treino deve ser intensivo, principalmente o mental. “A partir de um determinado momento na carreira de um atirador, a parte mental é a mais importante”, explica Joana.

“Não há profissionais deste desporto em Portugal”

“Há mais preconceitos por parte de quem não conhece a modalidade do que propriamente por parte de quem a pratica”, explica Joana. Para a atleta, é perfeitamente normal existirem mulheres que praticam tiro e isso nunca constituiu um problema.

“Infelizmente não se pode dizer que seja bastante comum em Portugal porque, pela falta de divulgação e pelos tais preconceitos que existem na sociedade em relação ás armas, há efetivamente poucas mulheres a praticarem este desporto”, lamenta Joana. Realça, no entanto, que noutros países da Europa o tiro é uma modalidade bastante praticada, como é o caso da Alemanha.

Joana não se dedica de modo profissional à prática do tiro porque “não há profissionais deste desporto em Portugal”. É farmacêutica de profissão e dedica-se ao tiro depois do trabalho.

Voltar até 2002

A atleta diz que sentiu uma responsabilidade e um orgulho muito grande em vestir as cores de Portugal e que isso a motivou e continua a motivar para poder ser cada vez melhor. Representa a seleção nacional já há 10 anos. A sua primeira internacionalização foi em 2002, num torneio no Luxemburgo. Ser medalhada foi, “sem dúvida, uma motivação para continuar a trabalhar muito para conseguir alcançar uma medalha mais importante do que a primeira”.

A participação no Jogos Olímpicos por mérito próprio é, para a atleta, “um sonho tornado realidade, não só pela competição em si, mas pela dificuldade de obter a qualificação”.

A modalidade do tiro qualifica os atiradores por quotas olímpicas e, por isso, só os atiradores de uma determinada elite é que efetivamente participam nos jogos. “Ter alcançado esta meta é para mim um motivo de grande orgulho e alegria e espero conseguir dar o meu máximo para obter um bom resultado nas provas que vou disputar”, confessa a atleta.

Para o futuro, Joana pretende continuar a lutar e a evoluir para poder continuar a representar Portugal nas competições internacionais e obter “classificações cada vez mais altas”.