Imagine-se que existe alguém (existe?) que não conhece “Gangnam Style”. O que é que se pode dizer a essa pessoa, para que passe a conhecer? Algo do género: “Não conheces?! Em que mundo é que vives?! – (esta parte é facultativa). ‘Gangnam Style‘ é o videoclipe de um sul-coreano, chamado PSY, que se tornou viral pela música em si, mas também pela coreografia. Basta ires aos vídeos mais vistos do YouTube, e podes vê-lo lá”.

À partida, parece ser uma boa informação, mas a verdade é que, desde esta semana, deixou de o ser. O YouTube passou a gerir o ranking dos vídeos mais vistos de uma forma diferente e, agora, “Gangnam Style” nem sequer figura nos 96 vídeos de música mais vistos do site de partilhas.

A origem desta situação está no significado que a expressão “vídeos mais vistos” passou a ter para o YouTube. Se até agora, inseriam-se nessa categoria os vídeos com mais visualizações (que é o mesmo que dizer cliques), atualmente, as posições definem-se por outro critério: a quantidade de tempo que cada pessoa passa a ver determinado vídeo.

Por um YouTube mais “humano”

Além deste fator, que passa a contar para o ranking, se o espectador vir o vídeo em questão até ao fim e depois continuar no YouTube a ver vídeos associados, mais pontuação é atribuída ao clipe.

No fundo, trata-se de uma alteração de procedimentos do site, com vista a “humanizar” o serviço. Desta forma, os utilizadores passam a receber sugestões mais enquadradas com os seus gostos, porque, se um determinado vídeo foi visto até ao fim, é muito provável que o utilizador goste de outros vídeos inseridos na mesma categoria ou estilo.

480 mil milhões de visualizações para nada

Esta medida foi anunciada pelo YouTube em agosto, e tende a acabar, por exemplo, com o sucesso de vídeos que apenas eram vistos por causa da imagem estática (“thumbnail”) que exemplifica o conteúdo dos mesmos (raparigas atraentes sempre foram um chamariz).

Porém, um dos vídeos que mais tem sofrido com as consequências é “Gangnam Style”. A 1 de agosto era o mais visto no YouTube, lugar em que pemaneceu até 9 de outubro. Agora, não há sinal dele nas primeiras 96 posições. Até Michel Teló já ultrapassou o fenómeno PSY.

Daqui podem retirar-se duas conclusões: as cerca de 480 mil milhões de visualizações de nada valem, agora, ao sul-coreano; as pessoas assistem a “Gangnam Style”, mas não assistem até ao fim. Talvez só o suficiente para aprender aquele movimento de ancas.

Notícia corrigida e atualizada às 16h52 de 17 de outubro de 2012