A taxa de desemprego dos jovens entre os 15 aos 24 anos atingiu os 35,5% no primeiro trimestre de 2012, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), e tende a aumentar. Ainda assim, os engenheiros informáticos já podem dormir um pouco mais descansados: o curso é um dos que garante mais possibilidades de entrada no mercado de trabalho. Também os cursos na área da saúde – como Medicina – têm uma boa taxa de empregabilidade. Esta última não é novidade mas não deixa de ser uma lufada de ar fresco para alguns jovens universitários.

As conclusões são do estudo “Empregabilidade e Ensino Superior em Portugal”, realizado pela Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES). Divulgado pelo Económico, analisa o emprego dos diplomados, a forma como atuam as instituições públicas e privadas na hora de colocar os alunos no mercado de trabalho e revela ainda a lista de cursos com maior e menor empregabilidade.

Apesar da subjetividade com que devem ser encarados estes estudos, duas das licenciaturas em Ciências da Engenharia da Universidade do Porto (UP) e o Mestrado em Ciências Farmacêuticas fazem parte do top ten dos cursos. O documento garante que todos os ex-alunos estão atualmente empregados.

Resultados encarados com sobriedade

A vice-reitora da Universidade do Porto reagiu a estes resultados com alguma precaução: “a questão da empregabilidade é demasiado complexa para ser analisada apenas sob este prisma. É necessária uma reflexão sobre a qualidade do emprego, da satisfação dos estudantes e da adequabilidade do curso à carreira profissional”, explicou.

Já em 2011, dados sobre os Mestrados em Engenharia Informática e Computação, da Faculdade de Engenharia da UP revelavam que no primeiro caso a taxa de empregabilidade até seis meses após o término do curso é de 100%, enquanto no segundo rondava os 83,6%.

Por outro lado, no fim da lista, surge a Economia, o Design e a Psicologia, como as áreas com mais desemprego. A UTAD também se destacou, ainda que por razões negativas. Três das suas licenciaturas lideram a tabela dos cursos com mais desempregados.

Bolonha não está a cumprir os objetivos

Este estudo alerta ainda para os resultados da meta de empregabilidade, prevista no Processo de Bolonha, que tem resultados muito abaixo do esperado. Recomenda que sejam revistas as “expectativas irrealistas” deste objectivo, que se revela de “difícil alcance”. Esta situação pode dever-se a uma “inadequação da formação obtida face às necessidades do mercado de trabalho”.

De fora desta investigação não fica o fenómeno da emigração, “transversal aos diversos graus de ensino superior”, lê-se. Em tempos de crise ainda justifica investir numa formação superior: aqueles que possuem “graus mais elevados tendem a registar taxas de desemprego inferiores”. O mercado de trabalho continua a “valorizar as qualificações adicionais”.

Para a elaboração do estudo foram usados dados oficiais das instituições do Ensino Superior, dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) e do Gabinete de Planeamento, Estratégia, Avaliação e Relações Internacionais (GPEARI), bem como do Ministério da Educação.