A Sofia fez uso da sua formação na comunicação e do tempo livre para criar um currículo viral. A Ana João também tem um dos currículos mais originais que circulam na internet, mas não surgiu da procura desesperada por emprego. Foi na disciplina “Projeto” – a principal do curso -, quando frequentava a licenciatura em Design, em Aveiro, que o professor a desafiou a ela e aos colegas a criarem um currículo original. A Ana, levou a proposta a sério.

Investiu duas a quatro horas por dia, durante dois meses, num cartão de visita que permite aos empregadores conhecê-la melhor. Diz que gosta de fotografia, de viajar, que não sabe tocar guitarra – mas que pode aprender -, que sabe inglês, design gráfico, tipografia, vídeo e tantas outras coisas.

Mas o cartão de visita de Ana João Soutinho não é um cartão qualquer. Tem o formato de um postal e exige resposta, seguindo cinco passos que a estudante indica: “escolher o que mais gosta em mim” (com as características retratadas em pequenos autocolantes), “completar a ilustração tendo em conta as características que escolheu”, e, por fim, “tirar uma fotografia à ilustração final”, “enviá-la por e-mail” e convidar a Ana a “aparecer pelo estúdio”.

O objetivo é que se promova a interatividade entre o empregador, o currículo de Ana e por fim, a própria Ana. A jovem acredita que ninguém vai ficar indiferente ao seu currículo. “Vai despertar a curiosidade das pessoas que o receberem”, conta. Pelo menos os amigos, professores e as pessoas mais próximas já se renderam ao currículo da Ana. “Todas as pessoas têm gostado e acham uma óptima ideia”, garante.

Agora, a Ana João tem 21 anos, é designer, e para já, só ambiciona mesmo um part-time que possa conjugar com o mestrado em Design de Comunicação, na ESAD. Por causa do desejo de continuar os estudos ainda não se empenhou muito na procura de emprego. Ainda assim, um dia – cada vez mais próximo -, espera que o seu postal interativo faça a diferença. Até lá, uma certeza impera: “tenho de chamar a atenção, e não é com um modelo standard que eu o vou conseguir”, garante. “É fundamental inovar, com tanta gente no mercado. Há que se marcar a diferença desde o primeiro contacto com a pessoa a quem queremos chegar”.