Numa altura de grave crise em toda a Europa, o nosso país vizinho também se vê a braços com graves problemas económicos, que se têm traduzido em problemas sociais. O número de manifestações aumentou significativamente e são raros os dias em que os espanhóis não se manifestam contra as reformas e os cortes.

Também os jovens se vêm implicados na situação, principalmente no que diz respeito à reforma no sector da educação que se traduz num corte de 14,4% (de 2.270 milhões para 1.944 milhões de euros), através do despedimento de cerca de 50.000 professores em todo o país, a extinção de bolsas e apoios aos estudantes, a massificação nas salas de aulas e os aumentos das propinas.

De um ano para o outro, propinas aumentam quase 300 euros

A reforma impulsionada pelo ministério da educação espanhol, para além de levar ao despedimento de milhares de docentes, também afeta os funcionários da administração e serviços escolares e universitários. Mais grave ainda é o facto dos cortes recairem particularmente nas bolsas e ajudas aos estudantes mais necessitados, que se vêm com sérias dificuldades em pagar as propinas, que ainda sofrem elevados aumentos.

No caso das seis universidades públicas de Madrid, por exemplo, os valores subiram uma média de 26,6% segundo cálculos da Federação de Usuários Consumidores Independentes espanhola: se no ano passado as propinas de uma licenciatura custavam em média 900 euros, este ano letivo de 2012/2013 passam a custar 1140 euros. Em alguns casos, uma só disciplina pode chegar a custar 900 euros.

“A educação não se vende, defende-se”

Com a intenção de “defender o ensino público”, o Sindicato dos Estudantes, a Confederação Espanhola de Associações de Pais e Mães e algumas unidades sindicais formaram a Plataforma Estatal em Defesa da Escola Pública. A organização tem convocado greves, manifestações e assembleias para reivindicar a demissão do ministro da educação, José Ignacio Wert, e o consequente fim dos cortes, aumentos e despedimentos.

Nas universidades vive-se um ambiente de descontentamento e insurreição: paredes cobertas de cartazes com incitações à revolta e à condenação do processo de Bolonha, folhetos com a enumeração das reivindicações e datas das mobilizações… por todo o lado, este é o tema de conversa entre alunos, funcionários e professores.

Os protestos e greves têm encontrado ainda grande adesão por parte dos estudantes: na capital madrilena juntam-se milhares de manifestantes que gritam a uma só voz “a educação não se vende, defende-se”.

Em alguns casos, as rebeliões terminaram mesmo em graves incidentes, marcados por atos de violência e confrontos entre alunos e as autoridades. A Plataforma Estatal em Defesa da Escola Pública promete continuar com a luta e um “otoño caliente” no que a manifestações estudantis diz respeito.