A Casa da Música recebeu Miguel Gaspar, diretor adjunto do jornal Público e os filósofos José Gil e Lucien Sfez, para mais uma conferência no âmbito do “Ciclo de Conferências França e Portugal: Encontros e (des)Encontros”. Durante duas horas de conversa, os oradores convidados expuseram o seu ponto de vista sobre a forma como o progresso tecnológico influenciou a comunicação.

Segundo Miguel Gaspar, “vivemos numa sociedade transformada pela comunicação”. As potencialidades da internet e as consequências da globalização vieram revolucionar a forma como se comunica nos dias de hoje e, portanto, Gaspar defende que este é um assunto sobre o qual é necessário refletir, sobretudo nesta altura, quando a crise afeta o jornalismo. “Comunicamos tão rápido que nem sabemos do que se está a falar e quem é que fala”, sustentou o jornalista.

Criou-se uma espécie de “desterritorialização do espaço”

Para Lucien Sfez, professor na Universidade de Paris – Panthéon-Sorbonne, a ausência de barreiras traz um novo problema: vivemos num “universo de nevoeiro” onde o recetor e o emissor se diluem e ninguém sabe quem é quem. Por outro lado, a globalização e as tecnologias trouxeram formas mais práticas de comunicar. José Gil defende que as novas tecnologias da informação e da comunicação, pela sua facilidade de utilização (em qualquer sítio e a qualquer hora), causaram uma espécie de “desterritorialização do espaço”.

Já em relação aos meios de comunicação, o filósofo português critica o modo como são apresentadas algumas notícias. Enunciando um exemplo de um “genocídio” que é posto no mesmo plano do que “um cantor pimba português”, José Gil refere que este tipo de organização de planos cria um “empobrecimento, se não a destruição, do sentido do acontecimento”.

O ciclo de conferências prolonga-se até ao dia 13 de dezembro e o programa pode ser consultado no site oficial da Casa da Música na página dedicada ao evento .