Em Madrid, a greve geral desta quarta-feira iniciou-se ainda antes da meia-noite e prolongou-se pela madrugada. Logo nas primeiras horas do dia, alguns manifestantes foram detidos devido a incidentes causados. Às 7h30 eram já 18 os detidos, o que, segundo dados policiais, representava cerca de metade das detenções efetuadas em todo o país. Durante toda a manhã, os protestos continuaram nas ruas da capital espanhola e o número de feridos e detidos foi aumentando.

Ainda assim, até ao final da tarde, não se observaram movimentações significativas. Só por volta das 18h é que se iniciaram as diversas manifestações marcadas para o centro de Madrid. A da Confederação Sindical de Comissões Obreiras foi a que contou com mais adesão. Os manifestantes reuniram-se na estação de Atocha e iniciaram uma marcha em direção à Praça de Colón.

Às 19h, o Passeio do Prado e a Calle de Alcalá já se encontravam cheios de manifestantes e com o trânsito cortado pelos agentes policiais. Uma hora e meia depois do início da marcha, os primeiros protestantes chegavam ao destino. Para assinalar a manifestação, sucedeu-se uma série de discursos de alguns representantes sindicais que destacaram o sucesso da greve geral.

Entretanto, na Praça de Neptuno, os protestos não se ficavam pela oratória. A violência proliferava com confrontos entre manifestantes e polícias, que resultou em, pelo menos, 21 detidos e 29 feridos. Estas ocorrências fizeram aumentar os números gerais para 142 detidos e 74 feridos.

A adesão

Em Espanha, os efeitos da greve geral fizeram-se sentir com menos impacto do que na anterior paragem convocada no país vizinho, a 29 de março. Em todo o país, os serviços mínimos foram assegurados em quase todos os setores. Ainda assim, os sindicatos espanhóis falam de adesão “quase total” dos trabalhadores das indústrias. O consumo elétrico caiu 12,7%. Nos hospitais, apesar de uma aparente normalidade, observou-se menos afluência de pacientes do que num dia normal e, segundo os sindicatos, 56% dos trabalhadores do setor aderiram à greve.

Transportes

Em relação aos transportes, foram assegurados os serviços mínimos e não se registaram incidentes. No caso de Madrid, a circulação em transportes públicos foi mais difícil, obrigando as pessoas a longos períodos de espera ou a optar pelos carros próprios, o que acabou por congestionar o trânsito. Nos aeroportos, 240 voos foram cancelados.

Comércio e educação

No comércio, a adesão à greve foi escassa em todo o país. Porém, na capital, à hora de abertura dos estabelecimentos, as principais ruas comerciais estavam desertas, com algumas lojas fechadas e poucos clientes.
Na educação, os sindicatos estimam que 73% dos professores das escolas públicas fizeram greve, enquanto nas universidades públicas a percentagem é de 95%.

Comunicação social

Também os meios de comunicação foram afetados e as televisões públicas espanholas não emitiram programas informativos, substituindo os típicos noticiários por programas gravados. Alguns canais deixaram mesmo de emitir totalmente “por causa da greve geral convocada contra a reforma laboral aprovada pelo governo”.