Josué Costa e Cristina Jesus, ou a equipa J_C, já se levantaram às duas da manhã, de pijama, para serem os primeiros a encontrar um recipiente perto de casa e a registar a descoberta no logbook. Desde que jogam GeoCaching – começaram em 2011- já foram os primeiros a encontrar o tesouro 24 vezes. Nesta altura, estavam na fase “papa-FTF’s”. Mas não são os piores, há quem atravesse grutas, escale montanhas ou suba chaminés para atingir as geocaches.

Mas passemos às explicações: o GeoCaching é, nada mais nada menos, que uma caça ao tesouro no mundo real, através de coordenadas GPS, onde o objetivo é encontrar geocaches. Os pequenos tesouros podem ser de vários tipos, mas são normalmente pequenos recipientes (às vezes até mesmo “tupperwares“) ou objetos enquadrados no contexto: desde caracóis inanimados, a parafusos falsos ou búzios de plástico.

Há mais de um milhão de caches no mundo, para serem descobertas

Nas geochaches, que podem ser praticamente tudo, há sempre algum retorno ao “caçador”. O código está sempre lá, de modo a que o jogador possa registar a descoberta no site, mas também há algumas que escondem diários de bordo, onde todos deixam a sua marca, ou até lembranças, como canetas ou moedas – que devem sempre ser substituídas por alguma coisa de igual valor, ou superior. Portugal escondia, em 2011, 14 mil geocaches. No mundo, espalhadas por 221 países, há mais de um milhão.

Curiosidades

A primeira geocache foi colocada por Dave Ulmer, em 2000, no Canadá. Foi em 2009 que o jogo sofreu um pico de popularidade, atraindo curiosos de várias partes do Mundo. Atualmente, já usam expressões únicas. Ficam algumas:

Muggle – Um não-geocacher.

Muggled -Cache removida ou adulterada por um não-geocacher, geralmente por falta de conhecimento.

Smiley – Encontrar uma cache. Refere-se à “smiley face”, o ícone.

BYOP – (Bring Your Own Pen) A cache em questão precisa de uma caneta ou lápis para o diário de bordo.

CO – (Cache Owner) A pessoa que é responsável por manter a cache, geralmente a pessoa que a escondeu.

FTF – (First To Find) A primeira pessoa a encontrar a cache.

Sites de GeoCaching em Português:

Geo.pt

Geocaching@PT

Josué e Cristina adoram “cachar”, como chamam ao ato da procura de caches, no Porto. Graças à “brincadeira” já “conhecem a cidade de uma ponta à outra” e já descobriram mais de mil caches. Do Parque da Cidade ao Estádio do Dragão, passando pela Casa da Música, o Jardim de São Lázaro ou a Sé, já encontraram caches em praticamente todos os locais emblemáticos da cidade.

O que os atrai na modalidade é a aventura da descoberta do recipiente bem dissimulado, é “o facto de estares, por exemplo em plena rua de Santa Catarina em hora de ponta, a procura da cache e teres um comportamento estranho no meio de tantos “muggles”. Tens de arranjar estratégias para a procurares sem seres descoberto”, conta Josué.

“Muggles” é a expressão roubada da saga do Harry Potter com que os GeoCachers identificam quem não pratica a modalidade, mas não é a única. Praticar GeoCaching é entrar numa nova realidade em que se adopta também uma nova forma de expressão [ver caixa]. Neste momento, há cerca de 17 mil GeoCachers, só em Portugal, e mais de 5 milhões no resto do Mundo.

De “Muggle” a GeoCacher

É simples mas não é fácil passar de “muggle” a GeoCacher, mas as razões são muitas. Josué fala da “descoberta de novos locais” e dá o exemplo das férias na Figueira da Foz, em que “conheceu melhor a cidade graças ao jogo”; da adrenalina da caça aliada ao “teste dos limites físicos e psicológicos” e da criação de um novo grupo de amigos.

Para começar, o primeiro passo é o registo no site oficial, que dá acesso às coordenadas de todas as caches do mundo. Depois, basta descarregá-las diretamente para um GPS e partir à descoberta. A cada cache encontrada, deve voltar ao site e partilhar o tesouro e a experiência. Mas esta é a parte prática. Antes de sair à “caça”, há que saber as informações básicas, decorar os mandamentos e aconselhar-se com outros praticantes. E não é difícil: há eventos por todo o país que reúnem os GeoCachers, aliás, o mundo do GeoCaching tem muito que se lhe diga, mas isso, só experimentado.