Fernando Gomes, presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), destacou o esforço que os clubes fizeram no sentido de saldar as suas dívidas, deixando bem claro que neste momento “ninguém deve ao fisco senão não estaria inscrito nos campeonatos”, exemplificando com o Vitória de Guimarães que só em cima do prazo conseguiu regularizar a situação.

Este foi um tema que causou algum burburinho na sala, mas Fernando Gomes fez questão de realçar que “se há setor que é controlado é o futebol” – que paga mais de 100 mil euros em impostos – e deixou um alerta ao Governo: que seja revista a questão do IVA a 23% nos bilhetes para os jogos, já que outros espétaculos têm taxas reduzidas, como os concertos de Madonna e Coldplay.

Antes do debate, Fernando Gomes apresentou os resultados de um estudo levado a cabo pela FPF e suas associações. O presidente defendeu a qualidade das seleções nacionais portuguesas, quer masculinas, quer femininas, mas não deixou de referir que “o nível português de praticantes deixa muito a desejar”. Comparando com países de população semelhante, apenas o Cazaquistão tem uma taxa inferior.

“Os diretores preferem um brasileiro de 27 anos a um português de 19”

Quanto ao número reduzido de jogadores portugueses, Fernando Gomes diz já se notar uma melhoria em relação aos últimos cinco anos: “Hoje já não se verifica as camadas jovens serem compostas por estrangeiros”, disse. A ser ponderada está uma “atribuição de subsídios” aos clubes que alinharem com mais portugueses. Com a introdução das equipas B, no entanto, já existe a obrigatoriedade de ter dez jogadores formados localmente. “O problema é das mentalidades dos diretores, que para resultados imediatos, preferem utilizar um brasileiro de 27 anos do que um português de 19”, avançou o presidente.

Quanto à seleção, o presidente da FPF confia no trabalho desenvolvido pelo selecionador e acredita que Portugal irá estar no Brasil em 2014, apesar do percalço no jogo com a Irlanda do Norte. Quanto ao Gabão, disse tratar-se de uma questão de calendário e que os clubes não se podem queixar, pois desde 2008 recebem dinheiro pela participação dos seus jogadores em jogos internacionais e que, em caso de lesão, podem recorrer a um seguro no valor de 20 mil euros por dia, durante o período de ausência.

Fernando Gomes ainda reagiu às críticas de que o seu mandato tem sido alvo

Em conversa, abordaram-se, ainda, vários temas da atualidade desportiva nacional: desde a profissionalização dos árbitros, à prestação da Seleção A e a ida ao Gabão, passando pelo excesso de infraestruturas ou a situação do Boavista. Os gastos exagerados dos clubes e o “financial fair-play” da UEFA, que irá ser posto em prática, também foram temas postos em cima da mesa.

No 67.º encontro do Clube dos Pensadores, em Vila Nova de Gaia, estiveram ainda presentes Hermínio Loureiro, vice-presidente da FPF, Semedo e José Tavares, treinadores-adjuntos do FC Porto e ainda Pedro Dias, responsável pelo Futsal da FPF. Fernando Gomes terminou o debate defendendo a sua direção dos críticos, ao destacar que já cumpriu mais de 50% do seu programa em menos de um ano de mandato.