A “dona Rosa” não sabe escrever e não tem Internet, mas queria muito mandar um beijinho ao filho que está fora do país. O PIU escreveu a mensagem por ela e fez-lhe a vontade, conta Jennifer Machado, envolvida no projeto. E é isto que o PIU faz: dar voz aos cidadãos, intervir na cidade, criar formas de comunicação e interação entre todos, analógica e digitalmente.

O PIU Analógico existe enquanto ação de rua: abordam os cidadãos na rua, que escrevem uma mensagem no balão portátil e são fotografados, para que as imagens sejam depois divulgadas nas redes sociais, separadas por tema. Já o PIU Digital toma forma através de uma instalação: a estrutura de um banco que incorpora três ecrãs onde os transeuntes se podem sentar. Nos ecrãs, aparecem opiniões que podem ser enviadas de duas formas: quer através de um tweet com a hashtag #piuurbano quer enviando um PIU através do site (uma funcionalidade que apenas estará disponível brevemente).

A ideia nasceu no seio de um grupo de seis alunos do Mestrado em Multimédia da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP). “Inicialmente, era apenas um projeto de uma cadeira, ou seja, ia acabar o ano letivo e era só para ser avaliado”, conta Inês Santos, uma das criadoras. Mas o PIU ganhou um novo rumo, quando houve “a possibilidade de estarmos presentes no festival FuturePlaces“, conta Jennifer Machado.

Os visitantes do festival puderam mandar mensagens pelo Twitter, através da hashtag, e a instalação foi um expositor com nove metros quadrados e três ecrãs embutidos, onde apareciam os tweets enviados. O público podia tirar uma foto com o seu tweet “e funcionava como uma simulação. Quem estava lá sentado via aparecer um balão como se simbolizasse aquilo que aquela pessoa estava a pensar”, afirma Jennifer Machado.

O PIU sai à rua

Foi a adesão e a vontade de chegar a todos que levaram à criação do PIU Analógico, já que “o Digital acabava por fechar muitas hipóteses”. Assim, os ecrãs foram trocados por um balão de fala num quadro de ardósia. À semelhança do que aconteceu no Future Places, quem escrevia uma mensagem podia tirar uma foto com o balão de fala e mais tarde visualizá-la no site ou no Facebook do PIU.

“Em Junho foi a primeira ação de rua. Fomos uma tarde inteira para a rua, para a zona dos Aliados, para ver qual era o impacto que o projeto tinha nas pessoas”, explica Inês. “Há muita gente que não tem telemóvel, não tem Twitter… daí criarmos a parte analógica, para dar a possibilidade ao cidadão comum, que vai na rua, de deixar a sua mensagem”.

Os resultados foram visíveis: “Notamos que a adesão foi logo muito maior”, conta Inês, principalmente em temas de política. “Havia pessoas que perguntavam até se podiam escrever asneiras. Surgiam nomes como Passos Coelho, Sócrates…”, conta Inês, entre risos.

“O apoio da UP foi total”

O apoio da Universidade do Porto (UP) foi essencial para o projeto ganhar vida. “Tudo o que foi feito no FuturePlaces foi pago pela Universidade. O nosso mestrado cedeu-nos o fundo. Apresentamos um orçamento das despesas que íamos ter e aí o apoio foi total”, diz Inês.

Para já, a iniciativa encontra-se estagnada e o próximo passo será uma colaboração com o Metro do Porto: “A ideia era ir para a estação da Trindade, visto que é uma das estações que tem mais afluência de gente, aplicar o PIU Digital e o PIU Analógico”, conta Jennifer. Enquanto não chegam ao metro, já conseguiram uma parceria com a Culture Print: o PIU foi convidado “para estar presente num dos sábados em que acontece o bairro dos livros”.