No “Vem aí a Troika“, os jogadores são grupos de interesses, mais ou menos obscuros, que recorrem à manipulação política, social e económica. Estão-se nas tintas para o país, provocando a bancarrota, e o único objetivo é ganhar: não só o jogo, mas votos, poder e dinheiro (pronto a ir para o offshore). É o jogador que tiver a maior teia de influências e reunir mais consenso quem ganha. Sendo o cenário pré-troika, já toda a gente sabe como acaba a história: ela vem aí.

“Vem aí a Troika”

O jogo contém:

– 42 cartas de Grupo

– 8 cartas de Líder

– 16 cartas de Evento

– 24 cartas de Dinheiro

– 12 cartas de Títulos de Depósito

– 1 livro de regras

– 4 guias com o resumo das regras

Este jogo de tabuleiro é 100% português e foi desenvolvido por uma equipa de sete pessoas. Ainda assim, o núcleo de trabalho e a ideia pertencem à Tabletip Games, uma empresa formada este ano por quatro amigos amantes de jogos.

Pedro Santos é um dos criadores e contou ao JPN que “a crise serviu de inspiração” na criação deste jogo, que “satiriza toda a sociedade portuguesa”, sendo que “todas as entidades são caricaturizadas”. As cartas colocam em jogo as “meninas boas”, a “procuradoria“, o “banco de negociatas”, os “desempregados indignados” ou a “televisão irritante” e qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência.

Jogo ilustra “a maneira como um político pode olhar para a sociedade portuguesa”

Esta é, de alguma forma, “a maneira como um político pode olhar para a sociedade portuguesa”, explica Pedro. E a verdade é que para fazer chegar a Troika, não é preciso muita gente – nem muito tempo: bastam dois a quatro jogadores, com nível de dificuldade fácil, e 30 a 45 minutos. Qualquer um com mais de dez anos está apto para levar o país à bancarrota, “já que é um jogo simples e familiar”, diz Pedro. Diz ainda que mesmo as pessoas que não apreciam jogos, estão a “achar interessante. Gostam de olhar para as cartas e até fazer comentários”.

A empresa, cujo este é o primeiro produto oficial, suportou os custos iniciais mas para levar o “Vem aí a Troika” para o mercado, recorreu ao crowdfunding e ao apoio da comunidade. Teve um feedback muito maior do que estavam à espera: “batemos os recordes da plataforma que usámos, fomos o projeto que conseguiu reunir a verba em pedida mais rapidamente”. Em onze dias, reuniram os 1200 euros iniciais. Atualmente, já contam com 2246 euros de 120 utilizadores e já venderam 150 jogos. Foi a maior percentagem de apoio de sempre (204%).

O jogo sai para o mercado já no dia 3 de dezembro, com o preço a rondar os 18 euros, e pode ser que nas prateleiras – com o Natal a chegar – faça igualmente sucesso e não fira suscetibilidades: “Nós não tentamos afirmar nada sobre ninguém e o objetivo do jogo é divertir”, garante Pedro. “Mas tal como uma canção, ou um filme, pode fazer mais que isso. Um jogo satírico pode falar num assunto sério e chamar a atenção, fazer as pessoas refletir um bocadinho. As pessoas que nem gostam de política ficam um bocadinho mais atentas, depois de jogar o jogo”, remata.