A linha da Trofa estava planeada para 2003, mas ainda hoje os trofenses estão à espera da chegada do Metro. Constantemente adiada e por fim anulada a linha verde nunca passou do ISMAI, e o sector que uniria a Trofa à Maia nunca foi construído. A ligação era anteriormente efectuada pela CP mas o caminho-de-ferro foi arrancado em 2002. Desde então, os carris do metro nunca mais foram colocados.

Inicialmente, o setor era considerado um troço importante. Baptista da Costa, engenheiro envolvido no desenho da rede conta que “a linha da Trofa permitiria o interface com a linha ferroviária do Minho, e serviria as populações da Trofa e de Famalicão”. Fernando Gomes, ex-presidente da Câmara do Porto e um dos principais impulsionadores da criação do Metro, considera a ligação importante por existir um “grande número de movimentos populacionais daquela zona para o centro do Porto”.

Requalificação do centro da Trofa está dependente das obras do metro

Para além da questão populacional,há ainda a questão urbanística já que, segundo Joana Lima, Presidente da Câmara da Trofa, a requalificação do centro urbano do concelho está dependente das obras do metro.

Uma fonte do Metro, que não quis ser identificada, explica que o projecto foi constantemente adiado porque “apenas existia a concessão para a construção de uma linha eletrificada”. “Era do interesse da empresa construir duas linhas por questões de segurança e para que fosse mantido um serviço de ritmo elevado. No entanto tal não foi concedido pelo Estado e o governo de Sócrates acabou por anular mesmo o projeto”, conta. Agora, é necessário um despacho conjunto do Ministério das Obras Públicas e das Finanças para que a obra seja reaberta.

Em resposta, Joana Lima garante que “a situação não justifica os sucessivos adiamentos, porque muito depois de aprovado o projeto do Metro até à Trofa, foram construídas vários quilómetros de metropolitano, sempre em via dupla e nunca houve constrangimentos financeiros ou técnicos que impedissem essa situação”.

“A população da Trofa está a ser defraudada nos seus direitos”

Também a população da Trofa ao longo dos últimos anos reuniu esforços e protestos para que a linha fosse construída. Depois de um boicote às urnas na freguesia do Muro durante as últimas eleições presidenciais, a população levou o problema à Assembleia da República (AR), através de uma petição assinada por mais de oito mil cidadãos. A AR acabaria por aprovar a proposta do PCP que propunha a construção da linha na 2.ª fase de alargamento do metropolitano. Para Joana Lima a contestação dos trofenses é “inevitável”. “A população da Trofa já deveria ter, há muitos anos, o serviço do metro, e está por isso, a ser defraudada nos seus direitos”, afirma.

Atualmente, existe um transporte rodoviário alternativo, mas para a presidente da Câmara da Trofa os autocarros são insuficientes: “O serviço prestado pelos transportes alternativos, ainda que útil, não responde às necessidades da população local, nem em termos de variedade e cobertura de horários, nem em termos de mobilidade, celeridade e conforto”. Diariamente, circulam nestes transportes cerca de 550 passageiros.