São quatro micropeças por mês que duram 15 minutos, custam três euros e acontecem fora-de-horas. É o conceito de Teatro Rápido, que depois de já ter conquistado Roma, Londres ou Nova Iorque, chega agora a Lisboa.

O objetivo é chegar a um público diferente daquele que vai ao teatro à noite: as peças acontecem entre as 18h00 e as 20h30. Quem for às compras ao Chiado ou estiver a sair do trabalho pode espreitar um espetáculo enquanto espera pelo autocarro ou por companhia.

Todos os meses há quatro peças novas, baseadas num tema comum e a acontecer em simultâneo na Rua de Serpa Pinto, em Lisboa. Sara Barros Leitão, atriz formada na Academia Contemporânea do Espetáculo (ACE), no Porto, é uma das envolvidas no projeto. Fala de um ambiente novo e intimista que “convida o público entrar dentro do cenário”, uma relação próxima entre ator e o espectador que tem sido muito bem recebida pelo público em geral.

Há que aproximar o público dos artistas

São táticas e reinvenções que tentam prender o público ao Teatro, não só em Lisboa mas em todo o país, numa altura em que a cultura definha a cada dia.

Hugo Sousa é um ator e encenador portuense. Licenciado em Teatro, sente que a cultura neste momento é como um “peso morto” para o governo e para toda a gente. Recorda os tempos em que esteve no Brasil e “eles tinham de se desenrascar e criar bilheteira, em parcerias com empresas, para continuarem a atividade”, enquanto que em Portugal o Estado subsidiava tudo o que era cultura.

A situação, entretanto, inverteu-se. Com a crise, deixou de haver subsídios do Estado… e público. Se as pessoas “tiverem que escolher entre dar cinco euros para ver o nosso espetáculo ou cinco euros para cortar o cabelo, se calhar escolhem o cabeleireiro”, garante o encenador.

Por isso, há que existir um “aproximar do público aos artistas”. Há que acabar com as situações em que “as pessoas fazem arte para o seu umbigo”, alerta, esquecendo muitas vezes de valorizar o público que os acompanha. E, nesse aspeto, Sara e Hugo concordam.

A atriz acredita que se deve começar a pensar que é importante cativar o público: “Sem ele não há Teatro e não o devemos afugentar com espetáculos ‘pseudo-intlectuais’, devemos perceber o porquê de querermos fazer teatro, e qual o teatro que faz sentido hoje, agora, para o nosso povo, para os portugueses”, afirma.