“Não há ferramenta tão poderosa como a web para a troca de informação”. Quem o diz é Luís Porto, realizador da produtora Frame, relativamente à interligação entre os vídeos mais populares e as partilhas em redes sociais. “As pessoas deixaram de os ver [os vídeos] como um privilégio, passaram a ser uma necessidade banal”, diz Luís Porto, cujos trabalhos são disponibilizados ao público através de sites de partilha de vídeo e redes sociais.

E os números também não deixam dúvidas: “O público está viciado em matérias de fácil acesso e isso pode tornar-se frustrante”, admite. Ainda assim, as vantagens triunfam sobre as desvantagens: “Se apenas algumas vinte pessoas das cem que viram [um vídeo] realmente o perceberem, já conseguimos chegar à alma de vinte pessoas. Já é magnífico”, remata.

No que toca à produção de conteúdos, Luís Porto compara os utilizadores que chegaram ao sucesso viral através de vídeos amadores com as “pessoas que com os seus telemóveis tiram fotografias e se auto-intitulam fotógrafos”. Para o realizador, “existe uma diferença acentuada entre quem o faz por diversão” e quem o faz por trabalho.

Os dias do cinema como baluarte dos audiovisuais terminaram

Com uma potencial audiência de oitocentos milhões de visitantes por mês só no YouTube, nunca foi tão fácil chegar a tantas pessoas e o realizador não descura as novas oportunidades que advêm desse facto. No país, “o cinema é uma oportunidade para poucos profissionais da área”, o que deixa em aberto hipóteses para realizar outro tipo de trabalhos, sobretudo na web.

Apesar de notar os impactos menos positivos da força-motriz que o vídeo online representa no seu trabalho, o realizador sente-se satisfeito por haver, no geral, “cada vez mais a possibilidade de experimentar e de se relacionar com a fotografia e o vídeo”.

Luís Porto critica, no entanto, o critério da popularidade como avaliação das qualidades do realizador: “As pessoas partem do suposto que por aquele realizador ter mais seguidores do que eu, isso faz dele melhor e mais criativo”.