Raquel Geraldes, de 25 anos, já não desfruta da época natalícia da mesma maneira que em outros tempos: “Neste momento, o Natal até é um aspeto que me irrita um bocadinho. O consumismo desenfreado, nesta altura do ano, dá a entender que a festa só tem valor pela quantidade de prendas que se dá e que se recebe”.

A corrida aos bens materiais faz parte das tradições natalícias já há muito tempo e, mesmo em altura de crise, parece não abrandar. Os centros comerciais continuam cheios de pessoas carregadas com sacos e mais sacos de compras que planeiam oferecer…mas também há aqueles que se recusam a fazê-lo, preferindo recordar os Natais de infância, onde tudo era diferente.

“Perdeu-se aquele espírito de antigamente, em que nós próprios fazíamos os nossos presentes”, recorda Ricardo Barbosa, de 54 anos. “Chegámos a uma altura em que tudo serve de pretexto para comprar prendas, toda a gente quer fazer negócio com o Natal. É por isso que já não tem o mesmo significado que tinha na altura. Mas, na minha família, tentamos evitar isso, para que o consumismo exacerbado não entre nas nossas casas”.

Em que é que se tornou o Natal e como é lá em casa?

Paulo Figueiredo

Raquel Geraldes

Há ainda outros motivos que levam muitas pessoas a não celebrar o Natal: a religião católica tem perdido seguidores e, como tal, estas festividades deixam de fazer sentido. “Não sigo nenhuma religião e, por isso, o Natal não me diz nada”, diz Graça Soveral. “Nessa noite reúno-me com amigos e trocamos prendas, mas é como se fosse apenas mais um jantar, não tem nenhum significado especial”.

No entanto, nesta época em que há cada vez mais mudanças, é reconfortante ver que alguns costumes ainda se mantêm, como conta Paulo Figueiredo: “Apesar de o Natal já não ser o que era, ainda mantemos a ceia de Natal, com a comida típica e as sobremesas todas”.