“A reabilitação [no Porto] tem sido feita muito lentamente”, considera Tiago Azevedo Fernandes, moderador do blogue “A Baixa do Porto” e mais conhecido por TAF.

Esta demora, conta, deve-se essencialmente a dois problemas. O primeiro, esclarece, é a falta de recursos financeiros, já que que “não há capacidade para o investimento que seria necessário”. O segundo é o facto da administração pública não saber estabelecer parcerias com a sociedade civil, de forma a que se pudessem recolher esses recursos financeiros necessários.

Era necessário unir a cidade “para tentar estabelecer colaborações, de modo a que as coisas se possam desenvolver”, garante. A Câmara falhou porque, na opinião do blogger, não manteve uma postura adequada e foi demasiado “agressiva”.

Há bons exemplos e grandes fracassos na reabilitação do Porto

O Mercado do Bolhão ou o Silo Auto são motivo de discussão constante e, por várias razões, não foram intervencionados. Quanto ao mercado, TAF considera as condições do espaço lamentáveis e sublinha que as obras são fundamentais “para que o mercado não caia, o espaço seja transitável e para as pessoas poderem fazer os seus negócios em segurança”, sublinha.

A discórdia do Bolhão

Quanto à reabilitação do Bolhão, muito se tem discutido recentemente. Rui Rio já falou de uma verba disponível para “lavar a cara” ao Bolhão. Entretanto, também já falou da possibilidade de candidatar a reabilitação a fundos comunitários, apesar de garantir que essa tarefa “está nas mãos do governo”. Manuel Pizarro, candidato do PS à Câmara do Porto, garante que se for eleito vai recuperar o mercado até 2015. E Menezes, igualmente candidato, garante que essa será uma prioridade do seu possível mandato logo no primeiro ano.

A recuperação do Mercado estava inicialmente prevista num vasto programa de reabilitação urbana da Baixa portuense, mas a escassez de verbas é a principal justificação dada para o arrastamento do processo.

Qaundo questionado sobre esta situação, no entanto, Tiago Fernandes acredita que no caso do Bolhão foram cometidas “asneiras por todos os lados”. “O Bolhão foi um exemplo em que todas as partes agiram mal por incapacidade de se entenderem e serem realistas em função aos recursos que existem”, acredita Tiago Fernandes.

Sem no entanto encarar tudo com negativismo, Tiago Fernandes sublinha que a Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU) “tentou fazer algumas coisas” com os parcos recursos de que dispunha. Um bom exemplo é o “edifício da antiga Papelaria Reis, na Rua das Flores”, destaca. Ainda assim, “reabilitou pouquíssimos edifícios” e há alguns, como o Corpo da Guarda que se revelaram “um fracasso”, por causa dos elevados custos.

O tipo de reabilitação urbana que tem sido feita é inadequado porque “é destinada a um mercado de gama alta que não tem procura”, termina.