Tendo em conta a muita especulação à volta do número de universitários que deixam de estudar por causa da crise, os reitores criaram ontem um grupo de trabalho que pretende apurar os reais números do abandono escolar e as verdadeiras causas deste problema.

Os resultados devem ser divulgados em “março ou abril, para que as universidades possam ainda intervir sobre o problema este ano letivo”, garantiu ontem o presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP), António Rendas, à saída de uma reunião com o ministro Nuno Crato.

Os reitores estão “preocupados” com a realidade do abandono no ensino superior, mas “reconhecem que os dados são difíceis de apurar”, apesar das Associações de Estudantes falarem em nove mil desistências, só este ano letivo. Assim, decidiram formar um grupo de trabalho, liderado por João Queirós, reitor da Universidade da Beira Interior (UBI).

Já “não basta analisar quem anula a matrícula”

Desta vez, “não basta analisar quem anula a matrícula”. Por isso, aos serviços de Ação Social de cada instituição caberá perceber quantos jovens abandonam o ensino superior e as razões que os levaram a fazê-lo, de modo a perceber a influência que de facto têm ou não as condições financeiras.

Propinas

O valor máximo da propina que as universidades podem cobrar este ano é de 1066,20 euros. O aumento deve-se à taxa de inflação, mas cada instituição é autónoma na decisão de aumentar ou não o valor. No ano passado, apenas a Universidade do Porto (UP) e a do Algarve não aplicaram a propina máxima. Na UP, o mesmo deve acontecer este ano.

Depois de apurados os números, “cada universidade vai ter de encontrar uma solução que mais se adeque à sua realidade, para combater o abandono”, explicou João Queirós. Esta solução vai ser encontrada em colaboração com a tutela, com quem pretendem trabalhar para combater este flagelo.

Um estudo da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, resultado de um inquérito a cerca de 4 mil estudantes, levado a cabo o ano passado, revelou que 48% dos estudantes têm dificuldades económicas, 65% teme não ter condições para acabar o curso e 5% já pediu um empréstimo para terminar o curso.