Raúl Sá Dantas, dono da Câmaras & Companhia, afirma que tem notado bastante procura pela fotografia analógica, ainda que a loja só esteja aberta desde março. “Procuram coisas mais sofisticadas, vêm cá muitos alunos de fotografia, clientela que já tem câmaras e sabe o que faz” e “procura-se muito filmes a preto e branco e polaroid”, revela.

Também os “filmes coloridos, filmes slide, super8 e muito papel fotográfico, principalmente para alunos”, estão entre os produtos mais requisitados. Raúl Sá Dantas é um apaixonado por fotografia e foi isso que o levou a abrir a loja. “Senti que havia necessidade de um espaço como este, era um nicho que não estava explorado”, justifica.

João Pestana tem 23 anos e diz que “existe um certo fascínio nostálgico pelo equipamento”. “No digital, podemos esquecer-nos de ajustar certos parâmetros e, ao rever a fotografia, perceber o que correu mal e repetir. Se for preciso repetir uma fotografia de filme, só se sabe passados alguns dias e a oportunidade pode ter desaparecido”, explica.

Em cada foto, “um bocadinho de ti”

Já Miguel, também entusiasta do analógico, lembra que este é “um processo mais lento e demorado”, mas que faz com que “em cada foto deixes um bocadinho mais de ti”. O “nunca saber como um rolo vai ficar” é um dos pontos chave deste tipo de fotografia. “É algo que por vezes é bastante frustrante, mas por outras é super recompensador e bonito”.

Adriano Sodré é fotógrafo freelancer e apaixonado pela imagem. Adepto do analógico, não tem dúvidas:”É bom que haja cada vez mais pessoas a fotografar com máquinas analógicas e a usar o filme, para manter os filmes vivos”.

Cenários incompletos, repletos de luz, e uma figura feminina são os ingredientes base das fotografias de Adriano, que tem um registo muito próprio. Gosta de fazer experiências, mas o analógico não o condiciona: “A maneira de fotografar é diferente, uma pessoa tem cuidados mais específicos, tem de se pensar bem no que é que se quer registar”, mas no fim, “não é uma questão de quanto mais além vou, mas de como vou”.