Muitas prateleiras vazias, poucos produtos disponíveis para consumo mas muitos acessórios para venda. É este o resultado das sucessivas inspecções da ASAE a vários estabelecimentos de venda de drogas sintéticas, mais conhecidas como smartshops.

O fenómeno não é novo. Há muito que já se conhecem os impactos deste tipo de substâncias na nossa saúde. Só este ano já morreram 6 jovens devido ao consumo destes produtos e vários foram já hospitalizados. A nova lei que pretende impedir a venda deste tipo de produtos vai a Conselho de Ministros ainda em Fevereiro apesar de estar a dificultar o negócio aos proprietários deste tipo de estabelecimentos.

Uma das funcionárias da loja Euphoria, no Porto, reconhece que as sucessivas inspeções da ASAE são um problema, esvaziando quase por completo as prateleiras da loja. “A única coisa que fica são os acessórios. De resto, ficamos com a loja vazia. Sem incenso, sem nada”, conta.

A falta de informação acerca do que podem ou não vender é outro dos problemas para as smartshops. “A ASAE quando vem não leva só um produto, leva tudo o que está exposto. Não nos dizem o que é proibido vender, o que é legal e o que não é. Simplesmente levam tudo o que nós vendemos, sejam produtos para fumar, fertilizantes ou incensos e até suplementos alimentares”.

GrowShops e Smartshops

A principal diferença entre estas duas lojas encontra-se no tipo de produtos vendidos. As growshops baseiam-se em sistemas hidropónicos (agro-cultura) e disponibilizam produtos para plantações não-convencionais. Os produtos são, principalmente, utilizados em plantações de grande escala. As smartshops são estabelecimentos onde se podem encontrar produtos que contêm substâncias psicoativas. Estas lojas vendem, através de chás, incensos, fertilizantes e sais de banho, substâncias que simulam os efeitos das drogas ilegais, tais como ecstasy e cocaína.

O problema não é contudo recente. Desde 2010 que as visitas da ASAE são frequentes ainda que, segundo a funcionária, nunca tenham sido prestadas explicações acerca dos produtos apreendidos. “Nunca nos disseram o que é que aqueles produtos têm. Só dizem que não podemos vender. Na minha opinião, nós somos vítimas também”, afirma.

A recente polémica não diminuiu, contudo, o fluxo de clientes. Tem-se notado uma maior curiosidade por parte dos jovens em saber que tipo de produtos que estas lojas disponibilizam.”Houve ainda mais interesse por parte dos jovens. Vêm à loja saber o que temos, o que não temos, o que é proibido e o que não é”.

Pedro, nome fictício, é cliente da Euphoria desde que esta abriu portas e garante que nunca se sentiu mal com nenhum dos produtos que adquiriu no estabelecimento. “Agora com a proibição de vendas de alguns produtos tenho que procurar outros que não sejam proibidos”, confessa. Apesar de as compras online serem uma solução, Pedro garante que a compra destes artigo é mais cómoda e fácil na rua do que pela internet.

Growshops: as lojas facilmente confundidas com smartshops

A Loja da Maria é uma das muitas “growshops” diariamente confundidas com smartshops. Fábio Camilo, funcionário do estabelecimento, afirma que a grande diferença entre os dois tipos de lojas passa pelos produtos vendidos.

As Growshops disponibilizam artigos para agro-cultura como “fertilizantes, terras, vasos para cultivar todo o tipo de plantas que o cliente quiser”. Os artigos são fornecidos por “marcas perfeitamente autenticadas”, como empresas orgânicas e bio minerais, para sistemas hidropónicos que cultivem, em estufas de grande escala,”plantas, côco, morangos e alfaces”.

Apesar da recente polémica da proibição de venda de drogas em smartshops, Camilo refere que na loja do Porto as vendas não sofreram qualquer decréscimo. Apesar dos produtos terem sido revistados nas lojas de Coimbra e Caldas da Rainha, nenhum artigo foi apreendido.

A nova lei trouxe, inclusive, vantagens já que permitiu uma modificação nos rótulos. Atualmente encontram-se “todos em português e são mais específicos. Informam sobre o que o produto contém, para que é que funciona”.