São jovens e trocaram Portugal pelo Brasil. Cláudia Costa e Leonor Lencastre fazem parte dos 944 portugueses para quem o ensino superior brasileiro foi uma opção a considerar. E a tendência é crescente: ao longo do último ano, o aumento do número de estudantes nacionais nas universidades brasileiras foi de 214% em comparação ao ano anterior, segundo dados do Ministério das Relações Exteriores do Brasil.

A ascenção económica do mercado, a procura de novas experiências educativas e a identificação evidente com a língua são os principais motivos que levam à mudança. “O Brasil encontra-se num momento muito próspero, com taxas de emprego muito confortáveis”, afirma Leonor Lencastre, estudante portuguesa, na Universidade de São Paulo. Para Leonor, o país constitui “um importante destino de investimentos locais e externos” e destaca-se pelas “possibilidades de trabalho”.

“As perspetivas são boas. Nas grandes cidades, há emprego em todas as áreas. Mesmo durante a graduação, os estudantes conseguem estágios muito bem remunerados”, acrescenta Cláudia Costa, estudante na Universidade de Pernambuco. “O Brasil precisa de profissionais qualificados, o que é uma ótima oportunidade para quem acabou de se formar em Portugal e está sem nenhuma perspetiva de emprego na área”.

Assimetrias e novas formas de ensino

Ainda que em expansão, o ensino é caracterizado, por Cláudia Costa, como “assimétrico” e “elitista”. Segundo a estudante, as diferenças tornam-se evidentes quando se desenha o paralelo entre as cidades no litoral e o interior. O facto de já ter estudado em Portugal, permite-lhe a comparação da realidade nacional com a brasileira: “Posso assegurar que [o ensino brasileiro] não é o melhor”.

Por oposição, Leonor Lencastre destaca como fator positivo a flexibilidade do ensino que abre “mais espaço à criatividade e intuição dos alunos”. “Os professores são muito próximos dos aluno”, pelo que “o sistema de avaliação pode por vezes ser ambiguo”, ressalva.

O marasmo português e a incapacidade de dar resposta às necessidades dos futuros profissionais determina a criação de objetivos a longo prazo do outro lado do oceano. “O meu futuro está no Brasil”, conclui Cláudia Costa.