Esta quarta-feira, no salão nobre da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, foram apresentados os resultados do 1.º semestre do projeto e expostas as linhas gerais deste programa a quem ainda não o conhecia. O “De Par em Par” é promovido pelo Laboratório de Ensino e Aprendizagem (LEA) das faculdades de Engenharia (FEUP) e de Psicologia e Ciências da Educação (FPCEUP) da Universidade do Porto.

A iniciativa é voluntária, dividida em dois semestres, e garante o anonimato e confidencialidade na análise posterior que é feita aos dados. Segundo João Pedro Pêgo, professor da FEUP e cordenador-geral do “De Par em Par”, estas características geram “confiança e tranquilidade entre os docentes”. O observador é visto como um “amigo crítico”, num contexto em que as formalidades são poucas.

A nível individual, o “De Par em Par” tenta melhorar a prática letiva, através do feedback dado pelo observador, e identificar possíveis necessidades de formação. Os professores organizam-se em grupos de quatro, e cada docente observa e é observado duas vezes.

Avaliação centrada na aula e não no professor

“O docente não é o único agente no processo de ensino e aprendizagem e por isso tentamos descentralizar a observação do docente e centrá-la na aula, o que tem grandes vantagens”, disse João Pedro Rêgo. Dentro daquilo que é avaliado estão pontos como organização, clima estrutura das aulas e o clima de turma, sendo que a observação não conta para o processo de avaliação do docente.

Resultados do 1.º semestre de 2012/2013

No passado semestre foram feitas 37 observações, um número que ficou abaixo do esperado tendo em conta que se inscreveram 32 docentes. As conclusões gerais dos resultados dizem que as apreciações foram positivas, quer ao nível da avaliação das aulas em si, quer ao próprio programa. A maioria dos docentes considera o programa como uma mais valia pedagógica e que fomenta a constituição de um espírito universitário comum. A Faculdade de Letras (FLUP) foi a faculdade que mais observações teve, com um total de nove.

Os observadores recebem um guião que serve para “identificar aquilo que se vê [nas aulas] e não aquilo que se deve ver”, clarifica João Pedro Rêgo. A questão da legitimidade de um professor observar e criticar uma aula de uma área científica que não é sua foi também simplificada. “Eu não tenho conhecimentos científicos para avaliar o conteúdo da aula, mas tenho conhecimentos pedagógicos para saber se a ideia básica da aula está a ser transmitida aos estudantes”, explica o professor.

Docentes que participaram estão satisfeitos

Benedita Maia, professora na Faculdade de Medicina Dentária (FMDUP), teve agora a sua primeira experiência no âmbito do projeto e ficou bastante satisfeita. “Esta experiência foi muito enriquecedora a nível pessoal e profissional”, conta, acrescentado que o projeto permite “ter um espelho à nossa frente que mostra os nossos pontos fortes e fracos”, conta.

Vítor Teixeira, também da FMDUP, confessa que o mais o surpreendeu foi “o carácter de informalidade” da iniciativa que permite que haja “total tranquilidade para aceitar as críticas dos colegas”, afirma. Professor há dois anos e meio no Ensino Superior, confessa ainda que as respostas dadas pela docente que o observou fez com que alterasse o método de dar as aulas.

O objetivo é, agora, conta João Pedro Pêgo, expandir o “De Par em Par” a outras universidades e até a países lusófonos.