“Exigimos respeito e consideração, temos 110 anos de história”. Foi assim que o presidente do Boavista FC, João Loureiro, começou a conferência de imprensa desta tarde. O clube “axadrezado” pode ter dado um passo em direção à I Liga com a aprovação do recurso que tinha em Conselho de Justiça (CJ). A notícia foi dada na noite desta quinta-feira pelo próprio presidente do CJ, Manuel Santos Serra.

Entre o sofrimento e a justiça, João Loureiro não se esqueceu de realçar a “importância da família do Boavista”, que tem “trabalhado e continuará a trabalhar ao serviço desta causa jurídica”. O presidente do clube lembrou as “injustiças”, contudo, pediu uma “postura irrepreensível” e seriedade no que toca às decisões do clube.

O Boavista tinha sido condenado em 2008, com a descida de divisão, por alegada coação à equipa de arbitragem, mas a prescrição do processo e a não matéria dos factos estão na base da decisão do CJ da FPF. Cabe, agora, à Comissão Executiva da Liga, consumar a subida de divisão, isto caso o Boavista decida exercer os seus direitos. Sobre a decisão, João Loureiro acredita que “ninguém pode ter dúvida”.

O desejo do presidente boavisteiro (acompanhado por Álvaro Braga Júnior durante a conferência) é que todas as pessoas e instituições envolvidas neste processo, “tenham a honra de admitir os seus erros e que (…) compensem, quer desportivamente, quer patrimonialmente”.

Adeptos acreditam que foi feita justiça

Sobre a decisão do Conselho de Justiça, Manuel do Laço, o famoso adepto dos “axadrezados”, afirma que foi “feita justiça”. “Estou convencido que 95% do povo português a ver o que eu vi hoje, estão ao lado do meu clube, porque toda a gente onde eu vou diz-me: Manuel, tens razão, o Boavista tem razão”, adiantou Manuel do Laço, em declarações ao JPN.

Manuel do Laço sobre o Boavista – áudio

Manuel do Laço fala sobre o Boavista e revela os desejos para o clube.

Para o adepto, estes cinco anos de espera foram uma “doença” e tem agora a esperança de que haja um acordo que permita um futebol mais limpo e correto. Manuel do Laço não deseja a “morte a ninguém”, mas espera que todos os que fizeram o clube descer de divisão “vivam tempo suficiente para reconhecer que foram ingratos com o Boavista, que não merecia isto”.

Miguel Moreira, estudante da Universidade de Aveiro e adepto do Boavista, diz que a “corrupção nunca deveria ser um assunto tratado com leveza”, no entanto, afirma que “é do conhecimento geral que o Boavista não era o único implicado”. “Tenho largas dúvidas de que fosse o maior infrator no caso Apito Dourado”, afirma o jovem.

O estudante diz que a justiça deve ser aplicada “a todos sem que os menos influentes sejam sacrificados”. Entrevistado pelo JPN, Miguel Moreira acredita que, “neste momento, é muito difícil o Boavista acompanhar o ritmo da primeira liga, tanto a nível de recursos financeiros como de espírito de esforço em equipa”.

Resta agora saber se o Boavista decide exercer o seu direito de subir à I Liga e de ser recompensado financeiramente por estes cinco anos em que esteve arredado da primeira divisão. No entanto, o processo de reintegração não deverá ser fácil até porque esta é uma situação excecional.