Samuel Negredo, jornalista e professor da Universidade de Navarra e primeiro interveniente da conferência, deu conta das alterações feitas em 2009 ao plano de estudos de jornalismo, com a inclusão do online. Segundo o investigador, o futuro passa pela criação de uma “cultura online acessível a todos os estudantes”, com uma crescente valorização do “ensino especializado em multimédia” e a integração dos media nas redes sociais. Ainda assim, os media tradicionais não são esquecidos. Prova disso é a existência, desde 1998, da rádio 98.3, de um portal noticioso, o fcompass, e da revista Nuestro Tiempo.

Professor da Universitat Pompeu Fabra, Roger Cassany, ressalvou a importância da convergência dos media no ensino do jornalismo online e apresentou o projeto da instituição catalã, o Cetrencada, inserido no jornal Villa Web. A metodologia do trabalho digital parece fácil: “Decide-se um tema partilhando tudo (fontes, entrevistas, etc.). O objetivo último é que seja uma reportagem final multimédia em harmonia com o meio criado pela faculdade”. Contudo, salvaguardou, ao dizer que “não há uma fórmula mágica”.

Ana Isabel Reis, docente do curso de Ciências da Comunicação da Universidade do Porto, falou sobre o JornalismoPortoNet (JPN) e sobre as rotinas da redação vividas neste jornal digital, “idênticas às de uma redação profissional.” Funcionar como um “laboratório para novas experiências e novas linguagens”, tornar-se um local de “prática de jornalismo” e funcionar como “local de estágio quando o mercado não recebe os alunos” são os principais objetivos.

“O meio exige uma linguagem específica”

O veredito de que “o meio exige uma linguagem específica” foi unânime a todo o primeiro painel de conferencistas. “É necessário mudar o chip”, afirmou Amílcar Correia, diretor do P3. A interação promovida pela web 2.0 entre produtor e consumidor foi outra das questões abordadas. “Ninguém hoje aguenta comunicação sem resposta”, garantiu Amílcar.

“O jornalismo online tem futuro?” foi uma das questões lançadas pela plateia. O imediatismo da web e as suas desvantagens não foram, também, esquecidas. “A net cria e mata notícias num segundo!”, relembrou da bancada José Magalhães, ex-deputado. Para Ana Isabel Reis, “no meio digital também existem rigor e código deontológico” uma vez que “jornalismo é jornalismo, em qualquer parte do mundo” e “independentemente dos recursos.” Apesar da clara aposta “na polivalência da formação”, a docente da UP afirmou que um jornalista não faz tudo: “Jornalista polivalente não é canivete suíço!”, concluiu.