O Laboratório de Cineantropometria e Estatística Aplicada da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto (FADEUP) é parte integrante do projeto “International Study of Childhood Obesity and Lifestyle Environment” (ISCOLE). Em Portugal, a equipa que abraçou o projeto é liderada pelo investigador Professor José Maia e pelo coordenador Daniel Santos.

O estudo tem como principal objetivo relacionar a obesidade e o sedentarismo com as condições de natureza ambientais, em crianças de dez anos, e conta com o envolvimento de 22 escolas da região do Grande Porto.

“Porque é que as crianças são cada vez mais obesas e sedentárias?”

Obesidade em Portugal

“Estudos avulsos em Portugal mostram que, normalmente, entre os jovens dos 10 aos 18 anos, um em cada três, ou um em cada quatro é obeso” afirma o investigador.

A obesidade, apelidada de epidemia do século XXI pela Organização Mundial de Saúde, é considerada uma doença complexa causada por vários fatores. Nos últimos anos, verificou-se o aumento da doença em todo o mundo.

O estudo procura abordar esta temática através da obtenção de informação sobre a criança, a escola, a família e o local de residência. Todos estes fatores conduzem a uma melhor interpretação das causas da obesidade. A avaliação posterior baseou-se na medição da altura, do peso, da composição corporal e outros. Já para avaliar os hábitos diários, as crianças responderam a um questionário sobre a alimentação e a prática da atividade física.

Como o envolvimento dos pais é fundamental no combate ao sedentarismo, foi-lhes também pedido que respondessem a questões relacionadas com a gestação da criança, o estatuto socioeconómico, o acesso a espaços de prática desportiva e espaços verdes. As crianças tiveram que usar, também, um acelerómetro durante nove dias. O objetivo era medir o gasto energético das crianças.

Combater o Sendentarismo

“Não deixa de ser estranho que o local por excelência para combater o sedentarismo seja a escola. Do tempo em que as pessoas estão na escola, 99,9% passam-no sentadas. Não deixa de ser, de facto, uma nota curiosa”, afirma o professor.

De acordo com Daniel Santos, a fase experimental, que terminou agora, consistiu na avaliação física de 500 crianças. Embora algumas não tenham completado todo o processo avaliativo, o estudante garante uma taxa de “95% de sucesso no processo”.

Obesidade: um problema à escala global

De cariz internacional, o ISCOLE junta 12 países na avaliação de 500 crianças em cada país. Há três países europeus que integram o projeto: Portugal, Inglaterra e Finlândia. O ISCOLE teve origem no Penington Biomedical Research Centre (PBRC), nos EUA, com início em 2011. Portugal foi um dos primeiros quatro países a abraçar o projeto, fato justificado pela capacidade e estrutura organizacional do departamento da Faculdade de Desporto.

O PBRC disponibilizou um orçamento de 6,2 milhões de dólares para os doze países. Em Portugal, o estudo pode contar com a colaboração dos presidentes das escolas envolvidas e dos professores de educação física do norte e do centro-norte do país, mas não com a ajuda do estado. Assim, a segunda fase do projeto ainda não está assegurada por motivos financeiros, discussão agendada para novembro.